IGP-M acelera em julho, com avanço de 0,78% puxado por atacado e varejo

São Paulo – O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) passou a subir 0,78% em julho, contra avanço de 0,60% no mês anterior, refletindo a aceleração da inflação tanto no atacado quanto no varejo, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) ontem.
A leitura de julho veio abaixo da previsão em pesquisa da Reuters, que esperava alta de 0,90%. Com o resultado do mês, o índice acumula em 12 meses alta de 33,83%.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, avançou 0,71% em julho, contra alta de 0,42% no mês anterior.
Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços, “efeitos sazonais, exportações e a alta acumulada nos preços das rações orientaram a aceleração do índice ao produtor”, com destaque para os itens minério de ferro (-3,04% para 2,70%), adubos ou fertilizantes (5,70% para 14,28%) e leite in natura (6,20% para 5,74%).
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Entre os grupos componentes do IPA, o destaque ficou com as Matérias-Primas Brutas, que subiram 0,09% em julho, depois de caírem 1,28% em junho.
Enquanto isso, no varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, acelerou a alta a 0,83% este mês, após subir 0,57% em junho. “No âmbito do consumidor, os destaques foram os energéticos”, afirmou Braz. “A tarifa elétrica avançou 5,87% e o GLP, 4,05%”.
Entre os grupos do IPC, os preços de Educação, Leitura e Recreação saltaram 2,16% em julho, deixando para trás a queda de 0,69% vista no mês anterior em meio à disparada dos preços das passagens aéreas.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, passou a registrar alta de 1,24% em julho, de avanço de 2,30% antes.
O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis. (Reuters)
XP não descarta IPCA acima de 7% neste ano
São Paulo – A XP calculou que as geadas desta semana podem impactar a inflação este ano em 0,1 ponto percentual, com potencial de a alta do IPCA ultrapassar 7,0% em 2021, conforme nota divulgada ontem.
A XP, que estima a inflação em 2021 em 6,7%, já havia elevado suas projeções para a alta dos preços de alimentação no domicílio para o mês de julho devido às geadas neste mês em várias cidades das regiões Sul e Sudeste.
Diante da nova onda de geada e dos preços mais altos das proteínas animais, o cenário com alta de 7,3% nos preços de alimentos consumidos em casa medidos pelo IPCA tem risco de crescer, disse a XP.
“As culturas mais impactadas com a queda na temperatura são o café, as hortaliças e as frutas. Com diminuição da oferta, os preços tendem a subir e esse repasse costuma ser rápido”, disse a XP em nota assinada pela economista Tatiana Nogueira.
O relatório destacou que o frio intenso agravou um cenário que já era desafiador para o agricultor, uma vez que a estiagem severa impactou fortemente preços de grãos, cana-de-açúcar, café e cítricos. Além disso, as proteínas animais também têm os preços altos.
Mas a falta de chuvas também provoca preocupações em relação aos níveis dos reservatórios em mínimas históricas, que segundo a XP estão perto do que foi observado em 2001 e em 2014/2015, este último período da crise hídrica em São Paulo.
A XP argumenta que o reajuste de 52% pela Aneel da taxa extra cobrada com a bandeira vermelha não será suficiente, incorporando em seu cenário básico novo reajuste na bandeira, perto de 20%, com impacto nas contas de setembro.
Além disso, a reabertura da economia já impacta os preços de serviços ligados à atividade, com a XP já levando isso em conta em seu cenário para o segundo semestre, mas considerando que um período de estresse aponta risco de até 0,20 ponto percentual na projeção para o IPCA.
“Em 2021, a projeção de IPCA em 6,7% tem riscos assimétricos para cima. Com geadas e reabertura da economia no radar, a inflação pode ficar acima de 7% no ano”, disse o relatório, calculando a inflação em 2022 em 3,6%. (Reuters)
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