Economia

Imersão Indústria promove discussão sobre ESG

Certificação, que será entregue pela primeira vez, leva em conta a maturidade e o engajamento do negócio; são três níveis de classificação: evolutivo, estratégico e transformador
Imersão Indústria promove discussão sobre ESG
Evento “Imersão Indústria” em 2024, organizado pela Fiemg, teve participação de representantes do MM2032 | Crédito: Diário do Comércio / Daniela Maciel

A sexta edição do Imersão Indústria, evento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), acontece no BH Shopping (região Centro-Sul), nos dias 3 e 4 de abril, com foco em networking e geração de negócios. Na programação, o painel “ESG: certificações como ferramentas de reputação e competitividade, na sexta-feira (4), promete ser um dos mais concorridos com a participação confirmada do diretor de Comunicação, Comunidades e Relações Governamentais da AngloGold Ashanti, Fernando Cláudio; o growth comercial da NUU Alimentos, João Pedro Leroy; e da analista de Responsabilidade Social da Fiemg, Lívia Moraes.

De acordo com a gerente de Responsabilidade Social da Fiemg, Luciene Araújo, as certificações são oportunidades para orientar as empresas.

“No painel, empresas de diferentes perfis vão contar suas experiências. O simples fato de elas terem se interessado pelas certificações mostra que elas já estão interessadas em ir além do que é exigido pela legislação. Essa jornada precisa de apoio para que a maturidade em relação à sustentabilidade avance e as certificações são uma boa ferramenta porque são orientadoras”, explica Luciene Araújo.

E foi justamente nesse sentido que a Fiemg lançou na edição passada do Imersão Indústria, o Selo Indústria Responsável, que tem como objetivo avaliar e reconhecer as empresas com alto nível de maturidade em práticas ESG e que impactam positivamente o planeta. O selo, que será concedido pela primeira vez, é baseado em uma avaliação de maturidade das práticas ESG de cada indústria.

De acordo com o nível de desenvolvimento, a empresa poderá receber: o selo “evolutivo”, quando adota algumas ações ESG, mas ainda de forma isolada e sem uma estratégia clara; o selo “estratégico”, quando integra os critérios ESG em seu planejamento estratégico, avaliando riscos, impactos e comunicando seus resultados; ou o selo “transformador”, quando a organização lidera mudanças no setor, influenciando sua cadeia de valor, superando metas ESG e ampliando impactos positivos com compromissos proativos.

“O nosso Selo não é uma certificação, mas também tem a função de orientar. Ele começa com um diagnóstico gratuito para que a empresa compreenda em qual estágio está e quais as ações prioritárias para se candidatar ao Selo. Quando a empresa já tem essa predisposição, ela está interessada em perenizar o negócio. Ela vai medir melhor os riscos, ganhar em produtividade e competitividade. Com a onda anti-ESG que avança pelo mundo, chegamos ao momento da intencionalidade. A empresa vai fazer uma análise profunda do que é importante, no que é possível e focar no que traz retorno para o negócio. E, principalmente, para onde deseja que a empresa se posicione”, pontua a gerente de Responsabilidade Social da Fiemg.

O Selo Indústria Responsável oferece uma série de benefícios para as empresas, incluindo maior competitividade, credibilidade e novas oportunidades de negócios, tanto nacionais quanto internacionais.

Uma das empresas que irá recebê-lo este ano é a NUU Alimentos. Com sede em Patos de Minas (Alto Paranaíba), produz alimentos sem glúten à base de mandioca. Segundo a fundadora e CEO da Nuu Alimentos, Rafaela Gontijo, o ESG está na base da estratégia da indústria que conta com cerca de 25 colaboradores e tem capacidade produtiva de 100 toneladas/mês.

“Estamos numa jornada de entender como uma indústria de alimentos pode gerar impacto positivo no ecossistema. Percebemos que para cumprir esse objetivo precisamos ir do nosso fornecedor, que é o produtor rural, ao prato do consumidor. São diversas ações que precisam estar conectadas. Não adianta ter o melhor produto de todos se ele só for acessível para uma parcela mínima da população. É preciso equilibrar o que é possível dentro do propósito de forma a ter um negócio equilibrado”, pontua Rafaela Gontijo.

O modelo de indústria sustentado pelo capitalismo consciente rendeu à marca prêmios e reconhecimentos. A NUU entrou para a seleção da ONU de 50 empresas do mundo a terem o título “UN Best Small Business: Good For All” e, em 2024, aderiu ao grupo de companhias que fazem parte do Pacto Global da ONU. A marca também possui o selo Women Owned, que atesta que a organização pertence a mulheres e tem entre seus objetivos promover e apoiar o empoderamento econômico feminino em negócios.

“Até agora fazíamos a neutralização do carbono emitido comprando créditos de carbono. Agora estamos fazendo, junto com o IEF (Instituto Estadual de Florestas), o plantio de árvores nas propriedades dos nossos fornecedores. Isso significa que estamos atuando na nossa região e no início do processo e não mais no fim. Outro ponto importante na nossa estratégia é o uso de ingredientes biodiversos e locais, gerando produtos clean label (produtos alimentícios e bebidas que são feitos com ingredientes naturais e sem substâncias artificiais). Faz muito mais sentido o uso da mandioca do que importar trigo do outro lado do mundo”, destaca a fundadora da NUU Alimentos.

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