Imersão Indústria terá nova edição em outubro

Com foco em gestão e competitividade, uma nova edição do Imersão Indústria está prevista para acontecer entre os dias 23 e 26 de outubro deste ano, também no Minascentro, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Na quinta-feira (13), terminou a última edição do evento, que contou com 72 palestrantes em 16 painéis sobre temas como ESG, energia e meio ambiente. Os debatedores foram executivos, CEOs de grandes empresas, pesquisadores, jornalistas, ministro, parlamentares, ex-atleta e representantes do poder público
Uma das atrações do último dia foi o painel formado por cases de indústrias que atuam em Minas. O tema dominante foi o ESG (sigla, em inglês, que se refere às boas práticas adotadas pelas empresas nos aspectos ambientais, sociais e de governança).
O encontro teve a participação de quatro dirigentes de companhias, entre eles, a Co-CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral-Gardner. Ela contou como os investimentos da empresa sediada em Vancouver, no Canadá, estão mudando a realidade da região do Vale do Jequitinhonha, onde atua.
A companhia informou na segunda-feira (10) que recebeu licença de operação em Minas Gerais para vender e exportar lítio, e que sua produção de metal para baterias de veículos elétricos deve começar dentro de alguns dias.
Conforme já noticiado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, a Sigma vai investir mais R$ 1 bilhão na unidade de produção e beneficiamento de concentrado de lítio grau bateria de alta pureza que está implantando no Vale do Jequitinhonha. Os recursos serão destinados às fases 2 e 3 do projeto. Somadas, todas as etapas do empreendimento chegam a R$ 3 bilhões.
Com o investimento no Estado, a Sigma espera contribuir para a elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região a partir do pagamento dos royalties da atividade minerária. A executiva ressaltou o diferencial da companhia com relação ao impacto no ecossistema, que é zero. “Esse produto industrial refinado que a gente entrega é um produto verde porque tem zero rejeito. A nossa competitividade vem do fato de ser um produto verde”, frisa.
O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, o presidente do conselho de administração da MRV, Rubens Menin, e o presidente da ArcelorMittal, Jefferson de Paula, também participaram do painel promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
“O ESG está presente na vida de muitas indústrias, só que recentemente foi ‘empacotado’ de uma forma diferente e ganhou uma dimensão maior”, observou Werneck. Para ele, os temas sociais são muito relevantes e é o momento de lançar um novo olhar sobre eles para resolver problemas práticos da sociedade. “Há muitas pessoas morando nas ruas sem teto, água potável e saneamento”, disse.
No ano passado, a Gerdau registrou a maior receita líquida da história da companhia, totalizando R$ 82,4 bilhões e superando em 5,2% a gerada em 2021. Para 2023, mesmo diante dos desafios, como os juros altos, restrições ao crédito e demanda mais lenta, a estimativa é que os resultados fiquem próximos aos de 2022.
No que se refere aos investimentos, a usina de Ouro Branco, na região Central do Estado, deve receber a maior parte dos aportes, que serão voltados tanto para expansão como para a preparação da parada do alto-forno 1 em 2025. Minas Gerais concentra cerca de 70% da capacidade produtiva e também dos investimentos da empresa.
Brasil pode ser líder mundial na economia verde, avaliam industriais
O presidente da ArcelorMittal, Jefferson de Paula, frisou. durante painel do Imersão Indústria 2023, que o ESG já existe na companhia há anos. “No aspecto social, só a nossa fundação já existe há 35 anos”, disse. E acrescentou que em função da matriz diversificada e renovável brasileira, o País é expoente nesse segmento e “tem plenas condições de liderar um movimento de transição energética, sendo um protagonista da chamada economia verde”.
No começo deste ano, a ArcelorMittal, o segundo maior grupo siderúrgico do mundo, informou que espera que as vendas de aço cresçam cerca de 5% este ano. Para a companhia, a demanda mundial por aço, excluindo a China, deve se recuperar de 2% a 3% este ano, após a desaceleração econômica global no ano passado, que reduziu as vendas da empresa em 11%.
A ArcelorMittal já anunciou investimento de US$ 4,3 bilhões até 2024 para ampliar sua capacidade de produção de aços longos e minério de ferro em Minas Gerais, apostando em contínuo crescimento na demanda de aço do país. A empresa vai ampliar a capacidade da usina siderúrgica de João Monlevade de 1,2 milhão de toneladas para 2,2 milhões anuais, e aumentar a capacidade da mina de Serra Azul, de 1,6 milhão para 4,5 milhões de toneladas por ano.
Superpotência ambiental
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, ressaltou que o Brasil já tem a indústria mais sustentável do mundo, já que grande parte da matriz energética é renovável. “A superpotência ambiental é o Brasil”, afirmou. Entretanto, conforme o dirigente, isso é pouco divulgado. “Consumir produtos mineiros é consumir produtos sustentáveis e precisamos propagar isso”, acrescentou.
No ano passado, o País ultrapassou o marco de 92% de geração de energia renovável, o maior percentual dos últimos 10 anos, conforme levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Em Minas, o percentual é ainda maior: 99,5% da energia foi proveniente de fontes renováveis (solar, biomassa e hídrica).
Outro tema abordado no último dia foi a “Saúde Física e Mental e o Profissional de Alta Performance”, que contou com a participação do campeão olímpico Gustavo Borges e do gerente de economia da Fiemg, João Gabriel Pio.
Criado em 2022, o Imersão Indústria tem como objetivo reunir grandes especialistas do ecossistema industrial em palestras, capacitações e debates sobre temas estratégicos, como direito empresarial, meio ambiente, economia, política, energia e desenvolvimento industrial.
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