Impacto da redução da Nexa deve afetar o emprego de cerca de 900 pessoas em Paracatu

Como desdobramento da redução das atividades de lavra e de beneficiamento de zinco e chumbo da unidade Morro Agudo, em Paracatu, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Paracatu e Vazante (Sindiextra), Rogério Ulhoa, esteve em Brasília para encontrar possíveis soluções para as cerca de 900 pessoas que perderão seus empregos no Noroeste de Minas devido à paralisação das atividades da Nexa Resources.
De acordo com Ulhoa, a estimativa é que são cerca de 400 trabalhadores diretos e algo em torno de 500 indiretos que ficarão sem seus postos de trabalho (contabilizando trabalhadores com contratos de prazo determinado e terceirizados). Entretanto, as atividades de calcário serão mantidas e a empresa continuará avaliando outras alternativas à unidade.
O dirigente esteve em Brasília acompanhado pelo presidente da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ), Geralcino Teixeira, e do presidente da Indústria ALL Global Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, para reunião com o secretário do Ministério da Indústria, Inovação, Comércio e Serviço, Wallace Moreira, para tratar sobre o tema.
Ulhoa explicou que o principal pleito foi para que a demissão não seja feita em massa e que haja mais prazo, contando com algum apoio do governo federal nas negociações. “Tentamos sensibilizar o secretário por conta da rapidez no processo de encerramento das atividades. Tudo que buscamos é um prazo maior, para que esses trabalhadores consigam recolocação no mercado, pois a vida útil da mina era estimada até 2027 e fomos pegos de surpresa no início de 2024”, ponderou.
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“Temos uma nova audiência marcada para 4 de abril, também em Brasília, com o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM), do Ministério de Minas e Energia (MME), Vitor Eduardo de Almeida Saback, para reforçar a discussão com governo federal sobre a decisão da Nexa em fazer demissão em massa em Paracatu para ajustar seus interesses na exploração mineral. Como a empresa tem outra mina mais nova em Mato Grosso, provavelmente devem priorizar os investimentos nessa unidade”, avaliou.
Ele advertiu que os representantes do município ainda não perceberam o impacto da paralisação tanto no setor econômico quanto no social, “pois, inicialmente, muitos dos trabalhadores vão receber seguro-desemprego e apenas depois de algum tempo o problema ficará mais evidente, com esses trabalhadores sem renda, sem emprego e alguns deles até com a saúde debilitada”, avaliou o dirigente.
Segundo Ulhoa, entraves para o trabalho na unidade Morro Agudo, em Paracatu, existem, mas a demissão em massa como a Nexa pretende fazer pode impactar com muita força a região. “Entendemos que o preço do zinco está baixo no mercado e a profundidade dessa mina está em 800 metros, o que dificulta muito o envio de ar para o local onde ficam os trabalhadores, sendo um dos motivos que encarece muito os custos para a empresa. Por outro lado, a empresa fala que conseguirá realocar cerca de 80 trabalhadores, o que deixará quase dez vezes mais pessoas sem renda”, afirmou.
Nexa busca recolocação em Paracatu
Em nota, a empresa reafirmou que “a Nexa está focada na recolocação de profissionais no mercado de trabalho, seja por meio de transferências para outras unidades da companhia ou empresas do Grupo Votorantim ou por contratação por outras empresas da região, por meio da realização de feiras de vagas internas e externas, com a participação de empresas de mineração, energia, construção e recrutamento e seleção, além do envio de banco de talentos para outros grupos mobilizados.
A unidade de Morro Agudo conta cerca de 700 colaboradores próprios e terceiros permanentes. Até o momento, mais de 160 colaboradores foram inscritos em ambas as feiras, com a realização de 140 entrevistas. Estima-se que cerca de 90 colaboradores serão transferidos para outras unidades Nexa. Além disso, estão sendo ofertados cursos de capacitação com orientação para desenvolvimento de currículos, criação de LinkedIn, preparação para entrevistas, orientações financeira e emocional.
“Ações como essas evidenciam o empenho da empresa em realizar um processo humanizado, com os menores impactos ao negócio e, principalmente, às pessoas”, continuou em outro trecho da nota oficial.
A Nexa alegou que fatores como a proximidade do final da vida útil da mina, da baixa escala e do alto custo operacional da unidade, além da queda do preço do minério de zinco no mercado internacional acentuada nos últimos anos, foram determinantes para a diminuição das atividades na mina.
Em 2023, a Nexa Resources produziu 23 quilotoneladas (kt) de zinco e 8,3 quilotoneladas (kt) de chumbo a um custo líquido de caixa sustentável, líquido de subprodutos, de US$ 0,87/libra. A mina atualmente não possui reservas minerais estimadas. Ainda no Complexo Morro Agudo, a mina de Ambrósia atingiu o fim de sua vida útil durante o quarto trimestre de 2020 e as operações foram suspensas desde então.
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