Importação é maior desafio para setor de pneus no Brasil

A importação de pneus é hoje a maior preocupação do mercado nacional que comercializa o produto, afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Revenda e de Prestação de Serviços de Reforma de Pneus e Similares do Estado de Minas Gerais (Sindipneus MG), Paulo Bitarães, durante a 5ª edição da MinasParts, maior feira da indústria de autopeças e reparação automotiva do Estado, em Belo Horizonte.
O presidente da entidade aponta que as importações do produto tinham uma participação de entre 10% a 12% do mercado antes da pandemia. Após o período, a importação de pneus no Brasil cresceu tanto que hoje corresponde a cerca de metade das vendas no País.
“A importação cresceu assustadoramente. Isso impactou muito a questão das revendas de pneus, principalmente porque as revendas que são concessionárias, revendas autorizadas, hoje enfrentam toda essa concorrência”, declarou Bitarães.
A preocupação é, principalmente, com a qualidade dos pneus. Paulo Bitarães ressalta que há pneus importados tanto de boa quanto de má qualidade, mas o volume de importação fez o pneu se tornar um produto vendido aleatoriamente, em qualquer lugar, como nos supermercados.
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O presidente do Sindipneu aponta que o produto – fabricado com base em índices de velocidade e peso – precisa ter uma venda técnica, realizada em centros automotivos, para dar maior segurança. Um dos fatores que preocupa o setor é a falta de fiscalização no País do Tread Wear Indicator (TWI), indicador de desgaste da banda de rodagem do pneu que informa quando a troca é necessária.
“O pneu é construído para dar segurança, o item de segurança principal do carro é o pneu, para cortar água, frenagem, aquaplanagem, aderência, entrar numa curva. São vários detalhes que hoje infelizmente a legislação brasileira não cumpre essa norma”, lamenta Bitarães.
Como saída frente à importação, o Sindpneus MG trabalha com uma maior divulgação do produto nacional e conscientização sobre segurança dos pneus. Até por isso, buscou participar da feira automotiva. A estimativa do setor é de um crescimento entre 6% a 7% neste ano.
“A reforma de pneus no Brasil é muito importante para o nosso setor também e supriria toda a questão do pneu importado, porque o Brasil inteiro reforma pneu”, pontua Bitarães. “Somos o segundo maior reformador de pneus do mundo, a maior tecnologia em reforma de pneus do mundo, e não fazemos isso aparecer, falta mais divulgação”, completa.
MinasParts tem recorde de marcas e dobra número de expositores
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Automóveis e Acessórios de Belo Horizonte (Sincopeças-BH), Gustavo Pereira, disse que o setor participa da MinasParts em um momento de mercado aquecido pela alta demanda de veículos seminovos, que necessitam de mais manutenção, além do final de ano, época de revisões dos veículos para viagens.
Apesar disso, ele afirma que o setor mineiro tem dificuldade de ser mais competitivo com a Substituição Tributária do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que gera um custo adicional de até 24%. “Temos estados vizinhos que não têm a substituição tributária e, então, fica pouco competitivo e às vezes atrapalha os empresários mineiros”.
Gustavo Pereira revela que o setor tem demandado ao governo estadual a retirada do imposto, ainda que a extinção da cobrança já esteja prevista na reforma tributária, já que a nova legislação ainda levará um tempo para ser aplicada.
A Feira MinasParts retornou após um hiato de cinco anos, com inovações, tecnologias, tendências e os principais players do setor de autopeças e reparação automotiva do Estado. Com 180 marcas expositoras, a feira obteve o maior número de expositores da história do evento, o dobro da última edição, em 2018.
“A perspectiva é que tenhamos aqui uma visitação recorde, nada aquém daquilo que seria natural para o segundo mercado do Brasil. O que era para ser um evento de médio porte já recomeçou como de grande porte”, apontou o organizador do evento e diretor comercial da Diretriz Feiras e Eventos, Cassio Dresch.
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