Importações de aço laminado sobem 29,7% entre janeiro e agosto

As importações de aço laminado em agosto deste ano totalizaram 393 mil toneladas, marcando um recuo de 20,3% em relação a igual período do último ano, de acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr). Apesar da redução, no acumulado de 2025 desde janeiro, os desembarques do produto siderúrgico cresceram 29,7%, para 4,1 milhões de toneladas.
Quanto ao total de aço importado, o que inclui semiacabados para vendas, o volume chegou a 491 mil toneladas no mês, representando uma queda anual de 24%. Novamente, a despeito da baixa, o montante no ano subiu 16,5%, atingindo 4,6 milhões de toneladas – a China, acusada pelo setor siderúrgico de concorrência desleal, respondeu por 61,3% dos envios.
Há cerca de três semanas, o Aço Brasil revisou as estimativas para 2025. Em novembro de 2024, a previsão era de que as importações de aço laminado cresceriam 11,5%, totalizando 5,3 milhões de toneladas. No entanto, as compras se intensificaram desde então, e o instituto agora projeta uma alta de 32,2%, para o patamar de 6,3 milhões de toneladas.
É válido lembrar que a invasão de aço, sobretudo de origem chinesa, tem gerado, já há algum tempo, consequências negativas, como paralisação de operações, demissões e postergação de investimentos. Em razão da crise duradoura, o governo brasileiro implementou uma medida de defesa comercial em junho do ano passado, que foi renovada em junho deste ano com algumas melhorias, porém, os efeitos não surtiram como previstos.
Diante do cenário desafiador, grandes players do setor tem se movimentado. A Gerdau, por exemplo, demitiu mais de 1.500 pessoas e decidiu reduzir o nível de aportes no Brasil a partir de 2026. A ArcelorMittal, por sua vez, diz que não fez movimento direto de desligamentos, mas condicionou o valor de novas inversões no País à evolução das políticas de defesa comercial. Enquanto isso, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) não descartou diminuir o quadro de funcionários e já ameaçou fazer cortes nos investimentos.
Nesse sentido, um levantamento do Aço Brasil indicou que se nada melhorar e a capacidade instalada da siderurgia brasileira cair dos atuais 66%, para 40%, mais de 37 mil colaboradores podem perder os empregos. A entidade também disse que, devido à situação crítica, a indústria do aço vai revisar para baixo a projeção de investimentos para o Brasil para o período de 2025-2029, antes estimada em cerca de R$ 100 bilhões para 2024-2029.
Produção de aço bruto diminui no Brasil e em Minas Gerais
Outro dado negativo da siderurgia nacional foi o volume de aço bruto produzido. Conforme os dados do instituto, no oitavo mês de 2025, foram fabricadas 2,9 milhões de toneladas no Brasil inteiro, queda de 4,6% ante igual período de 2024. No acumulado do ano, o montante chegou a 22,2 milhões de toneladas, o que representa um decréscimo anual de 1,5%.
Em Minas Gerais, principal produtor siderúrgico do País, a produção atingiu 870 mil toneladas em agosto, totalizando 6,7 milhões de toneladas nos primeiros oito meses do ano. Os volumes produzidos no Estado representam baixas de 5,8% e 0,8%, respectivamente.
Vendas internas, exportações e consumo aparente
Ainda segundo o Aço Brasil, as vendas internas de aço caíram 6,9% em agosto frente a igual intervalo do último ano, para 1,8 milhão de toneladas, mas subiu 0,6% no acumulado anual, para 14,2 milhões de toneladas. Enquanto isso, as exportações cresceram 4% no mês, para 861 mil toneladas, e 1,9% no ano, para 7,1 milhões de toneladas.
Já o consumo aparente recuou 11,3% na primeira base de comparação, para 2,2 milhões de toneladas, e aumentou 5,3% na segunda, para 18,2 milhões de toneladas – impulsionado pelas importações. A entidade não disponibiliza o recorte estadual desses dados.
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