Economia

Importações derrubam preços internos do aço

A tendência é de novas quedas de preços nos próximos meses
Importações derrubam preços internos do aço
Crédito: Alexandre Mota/Reuters

Em maio, o aumento das importações de aços planos – estimulada pela queda internacional dos preços e do dólar – e a estimativa de aumento de produção nas usinas internas, que em breve vão concluir períodos de manutenções nos altos-fornos – impactaram nos preços internos, que recuaram. Os reajustes feitos pelas usinas, em abril, foram revistos e os preços caíram de 5,5% a 7%. A tendência é de novas quedas de preços nos próximos meses.

A perspectiva para junho é que tanto as vendas quanto as compras das distribuidoras recuem cerca de 3%. Para o fechamento do semestre, a estimativa é encerrar com alta entre 1,5% e 1,7% nas vendas do setor.

De acordo com o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, diante do cenário, as distribuidoras estão comprando apenas o necessário para manter as vendas. A cautela adotada se deve à perspectiva de novas quedas nos preços dos produtos siderúrgicos.

Fatores como o crescimento das importações, os estoques ainda elevados nos portos esperando a nacionalização, queda do dólar – o que tem estimulado novas importações – e a conclusão de manutenções nas usinas tendem a contribuir para uma oferta elevada no mercado interno e novas retrações nos preços nos próximos meses.   

A recomendação do Inda é que as empresas distribuidoras comprem apenas o necessário para atender a demanda. Isso é importante para evitar prejuízos. As empresas correm risco de comprar material mais caro e ter que vender mais barato. No mercado, o que vale é o custo de reposição. A conjuntura é de cautela com relação à compra de materiais e estoques”, explicou.

Quanto ao desempenho do setor de distribuição, em maio, foi registrada alta de 11,5% frente a abril, com volume total de 354,5 mil toneladas adquiridas, ante as 318 mil registradas no mês anterior.

Frente a maio do ano passado, quando as compras das distribuidoras chegaram a 366,7 mil toneladas, houve queda de 3,3%. 

As vendas de aços planos durante o quinto mês do ano cresceram 9,9% quando comparadas a abril, atingindo o montante de 331 mil toneladas, contra 301,1 mil.  Frente ao mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 312 mil toneladas, a alta foi de 6,1%. 

Com a movimentação de compra e venda, os estoques das distribuidoras de aços planos, em número absoluto, aumentaram 2,9% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 841 mil toneladas contra 817,6 mil. O giro de estoque fechou em 2,5 meses.

“Mesmo estando acima do mês anterior, o estoque de 2,5 meses ainda é interessante, tendo em vista que a média do setor é de 3,1 a 3,2 meses”.

Em relação às importações, em maio, foi verificado aumento de 18,3% em relação ao mês anterior, com volume total de 190,4 mil toneladas contra 161 mil. Frente ao mesmo mês de 2022, quando foram importadas 140,6 mil toneladas, o avanço foi de 35,4%.

De janeiro a maio, o volume importado ficou 21,9% maior, chegando a 849,9 mil toneladas, ante as 697,1 mil registradas anteriormente. 

Segundo Loureiro, as importações tendem a seguir em alta, favorecidas pela queda do dólar e dos preços internacionais dos produtos siderúrgicos.  

“O preço nacional está superior ao internacional, o que tem estimulado as importações. Nos últimos três meses, o aumento dos produtos importados foi fruto da nacionalização de compras anteriores e que estavam estocadas nos portos. Agora, com a queda do dólar, que também reduziu o custo de nacionalização, e os preços menores no mercado mundial, novas compras estão sendo feitas. Por isso, a tendência é que a oferta cresça bastante nos próximos meses”. 

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