Economia

Importados limitam faturamento do polo de modas de Divinópolis

Sindicato da Indústria do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd) prevê queda de 25%
Importados limitam faturamento do polo de modas de Divinópolis
O setor da moda em Divinópolis segue prejudicado com a concorrência da China, em meio aos elevados custos de produção local | Foto: Divulgação Sinvesd

O polo de modas de Divinópolis, um dos mais relevantes do setor no interior de Minas Gerais, deve fechar o ano com queda de 25% no faturamento, conforme prevê o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), Mauro Célio de Melo Júnior.

Segundo Melo Júnior, o Arranjo Produtivo Local (APL) do Vestuário em Divinópolis tem alcançado a marca de R$ 1,5 bilhão de faturamento nos últimos anos, mas as vendas pela internet, as importações e a concorrência desleal com o produto internacional têm feito com o que o setor registre quedas consecutivas há pelo menos quatro anos. “Desde 2021, as vendas caem todo ano”, afirma.

O frio, que não havia “aparecido” nos últimos dois anos, parecia que iria reverter o quadro ruim que o ano apresentava, mas o segundo semestre não alavancou mais uma vez. “O frio foi bom, acima do que esperávamos, mas o ano em si está bem abaixo do esperado na maioria das fábricas. A gente não consegue competir com os e-commerce e com os importados, devido ao custo Brasil ser muito alto e os importados pagarem menos impostos do que todos nós. Os preços ficam inviáveis para a gente concorrer”, ressalta.

Segundo Mauro Junior, a chegada do fim do ano também não anima, pois as vendas já aconteceram e os pedidos já estão sendo entregues. “Não dá tempo de recuperar. O que está vendido está vendido. Até logisticamente, não dá tempo mais”, explica.

Para o presidente do Sinvesd, a internet é o principal concorrente. “O consumidor hoje compra muito on-line e os sites mais baratos são os primeiros a serem procurados”, destaca.

Apesar das empresas da região aderirem ao formato, elas esbarram no alto custo. “A maioria vende pela internet também, mas nosso custo é muito mais alto, não existe igualdade na competição”, afirma.

O polo de Divinópolis reúne cerca de mil empresas confeccionistas e responde por aproximadamente 15 a 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos para garantir a produção de cerca de 19 milhões de peças. O setor da confecção na cidade, representa quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do município, demonstrando sua grande força na economia local, conforme o dirigente.

Quando considerado todo o Estado, o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Malhas de Minas Gerais (Sindimalhas-MG), Gilberto Mairinques, também aponta como grande desafio a concorrência com os importados, mas acrescenta outros fatores. “A questão dos juros altos, o endividamento das pessoas, o e-commerce, a falta de dinheiro. Está tudo muito caro e as pessoas estão deixando de comprar em loja física, tudo isso afeta um pouco”, diz.

De acordo com a análise do vice-presidente do Sindimalhas-MG, os últimos 30 dias foram marcados por uma retração não esperada. “A gente sentiu um enfraquecimento nas vendas este mês em torno de 30%”, aponta.

Para o fechamento do ano, a expectativa é que haja um crescimento de 10% em relação a 2024. “A economia nacional deu uma freada, vamos crescer, mas com uma margem de lucro mais apertada, o que não é o ideal”, avalia.

O ano que vem é um desafio ainda maior, na visão de Mairinques. “Temos um Carnaval cedo, que faz com que as pessoas só comecem o ano após as festas, a Copa do Mundo e as eleições, que é sempre uma incógnita. São datas em que o Brasil para. Vamos ter que suar a camisa para manter os negócios no próximo ano e ver o que vai acontecer com nosso País”, analisa.

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