Economia

Inadimplência atinge mais de 55% das famílias em Belo Horizonte

O redirecionamento do consumo de produtos para serviços como jogos eletrônicos e bets contribui para que a inadimplência esteja subindo cada vez mais
Inadimplência atinge mais de 55% das famílias em Belo Horizonte
Crédito: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

O nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte subiu 0,5 ponto percentual entre setembro e outubro quando 90,7% delas admitiram ter algum compromisso financeiro pendente. Com relação à inadimplência na Capital, as famílias que admitiram ter alguma dívida atrasada somaram 55,1% em outubro, o que representa 2,9 pontos acima do verificado em setembro. Este índice é 23,8% maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários-mínimos (58,6%) do que em famílias com salários maiores (34,8%).

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).

O levantamento também apontou que o número de consumidores endividados, que ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso, chegou a 60,8% em outubro.

Segundo a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, a inadimplência é o pior cenário para a saúde financeira das famílias de Belo Horizonte, pois reduz o acesso ao crédito e, consequentemente, limita o poder de consumo.

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“As altas taxas de juros, o aumento da inflação de alimentos, o redirecionamento do consumo de produtos para serviços (como jogos eletrônicos e bets) e a falta de planejamento financeiro são os principais fatores para que a inadimplência esteja subindo cada vez mais. E as famílias precisam estar atentas para não entrarem em inadimplemento das obrigações financeiras”, considera.

O cenário não é dos mais animadores, uma vez que o número de famílias que indicam que não terão condições de pagar as dívidas que estão atrasadas no mês seguinte, chegou a 26,1% do total em outubro. O percentual é maior entre as que ganham menos de 10 salários, sendo 28,9% delas. Para 47,4% dos consumidores, não será possível pagar as contas em atraso no próximo mês e 36,2% dizem que pagarão parte do montante.

Veja como está o endividamento em Belo Horizonte

  • Os consumidores pouco endividados chegam a 36%
  • e os muito endividados, 18,6%;
  • 36,1% se dizem mais ou menos endividados.

Entre as famílias da capital mineira, o endividamento atinge 92,1% das que ganham até 10 salários-mínimos e 82,1% acima da faixa dessa faixa de renda.

O cartão de crédito compromete 97,5% das famílias com renda acima de 10 salários com as dívidas e 91,8% das que ganham menos. Entre este último grupo, 26,4% acumulam dívidas em carnês de lojas, enquanto as dívidas com o financiamento do carro chegam a 24,7% das famílias com ganhos acima de 10 salários.

Conheça o perfil das famílias inadimplentes em BH

  • 51,6% das que ganham até ou igual 10 salários e o tempo de atraso de pagamento ultrapassa 90 dias
  • entre os consumidores em geral, 49,1% indicam que as contas em atraso passam dos três meses
  • para 80,4% das famílias, o tempo de comprometimento da renda é igual ou superior a 90 dias

Os casos de superendividamento (quando a parcela mensal com as dívidas ultrapassa 50% da renda), atinge 17,3% das famílias com rendimento de até 10 salários. Para 72% dos consumidores de Belo Horizonte e de suas famílias, o comprometimento mensal da renda vai de 11% a 50%.

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