Inadimplência aumenta 6,43% na capital mineira

A alta inflação e os juros elevados contribuíram para que o belo-horizontino terminasse o primeiro mês de 2022 na inadimplência. Uma pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) mostra que o indicador aumentou 6,43% em janeiro deste ano em comparação ao mesmo período de 2021. Em relação a dezembro do ano passado, houve um aumento de 0,84%. As principais dívidas dos moradores da Capital foram com bancos (12,72%), água e luz (4%).
Economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos observa que o índice de janeiro não é tão preocupante, mas mostra que a inadimplência está se elevando, depois de dois anos de queda. Mesmo com o recuo do desemprego e a geração de vagas formais, são vários os fatores que, segundo ela, estão impulsionando a inadimplência na Capital, como a inflação alta, que corrói o poder de compra, e os juros elevados, que dificultam a negociação das dívidas.
Outro ponto ressaltado pela economista é a falta de planejamento financeiro por parte do consumidor. “Ele compra por impulso e usando principalmente o cartão de crédito. Tanto é que as principais dívidas são com água e luz, que ele vai administrando para evitar o corte, e o banco, que responde pelo empréstimo e cartão de crédito”, explica Ana Paula Bastos. “O planejamento é crucial para as pessoas terem uma vida financeira saudável, principalmente a longo prazo”, receita a economista.
Ana Paula Bastos ressalta que o consumidor aprendeu muito com a pandemia, sabe mais sobre economia, sente o peso da inflação no orçamento, procura consumir menos e pesquisa preço. Porém, a mesma pandemia que ensinou a temer a adversidade também reduziu as opções: as pessoas não tiveram outra saída a não ser fazer empréstimos e comprar pelo cartão. Muitas vezes, em vários cartões e “a prestação que cabia no bolso” fugiu do controle do devedor.
Mesmo assim, a economista vê a inadimplência sob uma ótica positiva no longo prazo. “Não se espera um estouro da inadimplência. A tendência é ela se manter num nível razoável, suportável para a absorção do cenário econômico”, diz.
“A construção civil está contratando e é termômetro de emprego. Com o aquecimento da economia, as pessoas procuram quitar suas dívidas. Sem contar os saques no FGTS, o dinheiro esquecido nas contas, recursos que também serão direcionados para isso. São políticas econômicas de curto prazo, mas que dão fôlego para a economia no longo prazo”, completa Ana Paula Bastos.
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Homens devem mais
Na comparação anual, o levantamento mostrou que, em Belo Horizonte, os homens (5,5%) devem mais que as mulheres (5,02%). Eles também acumulam maior número de dívidas por pessoa: 6,4%, contra 5,52% delas. O número de dívidas por CPF também aumentou em ambos os gêneros: passou de 4,78% em dezembro do último ano para 7,51% em janeiro. No primeiro mês do ano passado, o número médio de dívidas era de 1,848. No mês de janeiro de 2022, foi de 1,867.
Assim como os consumidores, as empresas da Capital também estão devendo mais. De acordo com o levantamento da CDL-BH, na comparação anual, houve um aumento de 0,28% pontos percentuais da inadimplência entre os CNPJs, passando de 3,01% para 3,29%. Na análise mensal, o indicador cresceu 0,04% frente ao mês anterior.
“Essa aceleração da inadimplência entre as empresas está ligada a um cenário econômico marcado por juros elevados, que dificultam a tomada de empréstimos e pagamento de dívidas. Uma inflação alta pressiona os custos do empresário, diminui a receita e acelera a inadimplência”, explica o presidente da CDL-BH, Marcelo Souza e Silva.
Comércio abre mais 204,4 mil lojas em 2021
Rio de Janeiro – O comércio varejista brasileiro fechou 2021 com 2,4 milhões de estabelecimentos ativos. O balanço, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra um saldo de 204,4 mil lojas a mais do que no ano anterior.
Balanço divulgado em março do ano passado pela CNC mostrou que, em 2020, o varejo brasileiro havia contabilizado a perda de 75 mil lojas.
Em 2021, as microempresas responderam por 77,4% do saldo positivo do ano, com 158,23 mil novos estabelecimentos. As pequenas empresas, com 29,99 mil novas lojas, responderam por 14,7% do saldo positivo.
Entre as atividades, os super e minimercados ganharam 54 mil lojas; utilidades domésticas e eletroeletrônicos, 38,7 mil; e vestuário, calçados e acessórios, 28,3 mil.
Quatro estados responderam por mais da metade da abertura de lojas: São Paulo (55,6 mil), Minas Gerais (18,3 mil), Paraná (15,1 mil) e Rio de Janeiro (14,1 mil).
“A flexibilização das restrições impostas ao varejo em diversos estados e municípios, especialmente após o fim da segunda onda da pandemia, e o avanço da vacinação contribuíram para a tendência de aumento da circulação de consumidores e, certamente, estimulou o movimento de reabertura de estabelecimentos comerciais”, explicou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, por meio de nota à imprensa.
Segundo a CNC, o faturamento real do setor cresceu 4,5% de 2020 para 2021, o maior avanço anual desde 2018. De 2019 para 2020, o segmento registrou uma queda de 1,4%. (ABr)
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