Economia

Inadimplência aumenta 9,3% em julho na Capital

Pesquisa da CDL-BH mostra que jovens continuam sendo os principais devedores
Inadimplência aumenta 9,3% em julho na Capital
O cartão de crédito eleva as dívidas do consumidor | Crédito: Alisson J. Silva / Arquivo DC

A inflação e os juros altos aliados ao desemprego ainda elevado estão contribuindo para a queda da renda da população e a redução de sua capacidade de quitar dívidas. De acordo com pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), em julho, o indicador de inadimplência na capital mineira registrou crescimento expressivo de 9,3% em relação ao mesmo período de 2021. Na comparação com junho, o índice avançou de 0,78% para 0,91%.

A economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, explica que o aumento da inadimplência é resultado da conjuntura econômica.

“São dois anos de pandemia e desemprego ainda elevado. Sem emprego, as pessoas ficaram endividadas, principalmente, no cartão de crédito. Mesmo com a melhoria dos índices de emprego, os salários ficaram mais baixos e a capacidade de pagamento foi reduzida, fazendo com que as pessoas não conseguissem honrar as dívidas. Além disso, a inflação está alta, fazendo com que se gaste mais para comprar os itens de subsistência”.

Ainda segundo Ana Paula, as taxas de juros elevadas também contribuem para o aumento da inadimplência, já que as negociações de crédito ficam mais caras.

Conforme a pesquisa, os jovens entre 18 e 29 anos continuam sendo os principais inadimplentes. Em junho, a faixa etária concentrava 55% das dívidas em Belo Horizonte, em julho esse índice recuou para 40,07%. Entretanto, ainda representam a maior parte dos devedores. Os idosos de 65 a 94 anos correspondem a 19,72% dos inadimplentes. 

“O uso excessivo do cartão de crédito ainda é o principal motivo das dívidas entre os jovens. Muitos utilizam esse recurso para pagar despesas básicas sem calcular o peso das parcelas no orçamento. Com a taxa de juros elevada, o crédito mais caro e a média salarial mais baixa, o poder de pagamento está deteriorado. O cartão de crédito é uma opção muito interessante para os consumidores, mas é preciso planejamento financeiro. Muitas pessoas pagam apenas o valor mínimo do cartão e, com os juros muito altos, fica difícil pagar essa dívida”, explicou Ana Paula. 

Apesar do poder de pagamento dos belo-horizontinos ter diminuído, o número de dívidas por CPF permaneceu estável. De acordo com a pesquisa, o índice se manteve em 1,83% em junho e julho. Na análise anual, o número de dívidas registradas por CPF cresceu em 15,1%. O tempo médio de atraso do pagamento está em 90 dias. 

O número de dívidas entre os gêneros está em alta para ambos. Porém, os homens acumulam mais débitos que as mulheres, sendo 12,69% para eles e 12,06% para elas. 

O aumento da inadimplência afeta o comércio, principalmente os de itens de maior valor agregado, o que exige maior acesso ao crédito para aquisição.

Auxílios devem trazer alívio

Em relação às expectativas para os próximos meses, as mesmas são positivas. O pagamento de auxílios e do 13º devem estimular a quitação das dívidas e a saída de muitos consumidores da inadimplência. Esse movimento é considerado importante para o comércio.   

“O pagamento dos auxílios e do 13º devem dar um fôlego nos próximos meses. Isso é importante por concentrar datas comemorativas relevantes para o comércio, como o Dia das Crianças, Black Friday  e Natal”.

Ainda segundo a pesquisa da CDL-BH, as empresas da Capital também seguem negativadas. Em julho, frente a igual mês de 2021, a inadimplência apresentou leve recuo, passando de 0,94% para 0,44%. Mas,  na comparação com junho, houve um avanço, com o índice subindo de 3,65% para 4,17% em julho

Dentre os setores que estão negativados, os que apresentam cenário um pouco mais positivo, com menor endividamento, são Agricultura (0,42%), Comércio (0,53%) e Serviços (0,98%). As dívidas de água e luz (1,13%) representam a maior parte das contas em atraso das empresas. Em seguida aparecem bancos (0,92%), comunicação (0,56%) e comércio (0,53%).

“As empresas foram muito impactadas pela pandemia e tiveram vários estímulos para contratar crédito. Porém, a retomada dos negócios não foi tão forte como esperado. Além disso, as empresas tiveram que se reinventar. Quem sobreviveu teve que fazer investimentos, principalmente, no comércio on-line”, disse a economista da CDL-BH. 

Compras nos lares do País sobem quase 8%

São Paulo – O consumo nos lares brasileiros, medido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), encerrou o mês de julho com alta de 7,75% em relação a junho. No ano, o consumo nos lares acumula alta de 2,57%.

Na comparação com julho de 2021, o indicador apresentou aumento de 8,02%. O resultado contempla os formatos de loja: atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e e-commerce. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a Abras, em julho, além da desaceleração nos preços dos alimentos, o mês teve cinco fins de semana, o que contribuiu para maior número de idas ao ponto de venda. “Monitoramos desde julho os primeiros sinais de retração nos preços de alguns itens que tiveram altas expressivas decorrentes de fatores climáticos, sazonais e das commodities, que vêm pressionando a cesta de alimentos desde o início do ano. Se mantida essa menor pressão inflacionária, o consumo tende a ser crescente neste segundo semestre diante do crescimento do emprego e dos recursos injetados na economia”, afirmou o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.

De acordo com os dados da Abras, o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo (alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza) atingiu o menor patamar do ano, com alta de 0,63%. Houve queda de preços em produtos básicos, como óleo de soja, feijão, arroz, açúcar e nos itens da cesta de hortifrutigranjeiros, entre eles batata, tomate, cebola.

Em julho, a cesta nacional composta por 35 produtos de largo consumo como alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza passou de R$ 773,44 para R$ 778,32. No ano, a alta é de 11,10%.

O óleo de soja apresentou retração pelo segundo mês seguido, caindo 2,41% na comparação com junho. O preço do feijão ficou 1,69% mais baixo pela primeira vez, após seis meses de alta. O indicador mostrou ainda a terceira queda no preço do açúcar, que em julho retraiu 0,60%. O arroz teve menor variação nos preços, de 0,11%, e acumula queda de 5,77% em 12 meses.

As maiores quedas nos preços vieram dos hortifrutigranjeiros, que causaram impacto na cesta desde o início do ano por problemas climáticos, menor oferta nas regiões produtoras e altos custos dos fretes. Entre esses produtos estão o tomate (-23,68%), a batata (-16,62%) e a cebola (-5,55%). (ABr)

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