Inadimplência avança na capital mineira em outubro

A alta inflação e os juros elevados seguem como fatores prejudiciais ao poder de compra das famílias belo-horizontinas. Prova disso é que o indicador de inadimplência de outubro deste ano cresceu 6,76% na comparação com outubro do exercício passado. Embora sinalize estabilidade, o índice também avançou 0,26% em relação a setembro. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
Apesar do crescimento nas duas bases comparativas, há indícios de uma desaceleração da inadimplência dos moradores da Capital para este fim de ano. A explicação está no fato da taxa de desemprego em Minas Gerais ter recuado significativamente nos últimos meses, o que faz com que as pessoas tenham renda para quitar parcialmente ou totalmente as contas.
“A inadimplência já vem crescendo desde que começamos com essa grande pressão inflacionária e taxa de juros elevada, impossibilitando as pessoas de quitarem suas dívidas. Nós vivemos dois anos de um cenário de desemprego alto, então a inadimplência vem crescendo, porém, desacelerando um pouco, porque a taxa de desemprego está caindo e isso aumenta a renda disponível das pessoas”, explica a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos.
Segundo ela, outro fator que deve aumentar a capacidade de pagamento dos consumidores é o décimo terceiro salário. O benefício pago aos celetistas deve cair totalmente na conta dos trabalhadores até o próximo dia 20 de dezembro. “Com a entrada extra de capital na economia nesse último trimestre, as pessoas aproveitam o décimo terceiro salário para quitar suas dívidas, então vai dar uma desacelerada”, diz.
A economista reitera que o cenário de desaceleração pode sofrer alterações caso a inflação sofra uma alta muito elevada. “Aí muda um pouco, porque a taxa de juros sobe e com a taxa de juros subindo, a negociação de dívidas fica mais cara e fica mais difícil de pagá-las”, salienta. Ela ainda prevê que o indicador de inadimplência fique pressionado até o primeiro trimestre de 2023, em função dos gastos de final de ano.
“A tendência é que a inadimplência desacelere até o final do ano, mas até o primeiro trimestre do próximo ano ela ficará pressionada, porque as pessoas ainda não fazem um planejamento financeiro. Elas compram no final do ano, compram a prazo, prestam atenção se a parcela cabe no bolso, mas não prestam atenção em qual o impacto daquela parcela dentro do orçamento como um todo”, ressalta.
Faixa etária
Ainda em função da queda de desemprego, especialmente nesta faixa etária, os jovens entre 18 e 29 anos, que lideravam o ranking de inadimplentes há dois meses, perderam a posição e passaram a representar 6,38% do total de devedores Os idosos entre 65 e 95 anos agora são os líderes no quesito, com 33,82%. No que se refere a gênero, os homens acumularam 5,67% das dívidas e as mulheres 5,16%.
A pesquisa da CDL/BH também revelou que na comparação entre o décimo mês do ano e o mês imediatamente anterior, o número de dívidas por CPF recuou 0,23 pontos percentuais (p.p). Enquanto em setembro, o indicador sinalizava 1,47%, em outubro apontou 1,24%. Os jovens adultos de 18 a 29 anos concentram o maior número de dívidas por CPF (40,87%), enquanto as pessoas entre 50 e 64 anos possuem o menor (18,18%).
Empresas
O indicador de inadimplência também cresceu entre as empresas belo-horizontinas. Na comparação de outubro com setembro, houve aumento de 1,22%, já em relação ao mesmo período do exercício anterior, o crescimento foi de 6,7%. Quanto ao número de dívidas por CNPJ, o aumento foi de 1,57% no comparativo mensal e 4,28% no comparativo anual. A explicação da elevação dos indicadores é devido a atividade econômica ainda está em processo de retomada e o faturamento das empresas ainda não terem atingido níveis pré-pandemia.
Apesar disso, a economista da CDL/BH ressalta que a tendência é que os índices tenham retração após as compras de fim de ano aumentarem o faturamento das empresas, principalmente, com a Black Friday, Copa do Mundo e Natal. “Com o crescimento da renda das pessoas aumentando a receita dessas empresas, a tendência é dar um recuo, mas vai depender do desempenho da atividade econômica.”
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