Economia

Inadimplência bate recorde e atinge 69,66 milhões de consumidores

Pesquisa mostra que quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados em março
Inadimplência bate recorde e atinge 69,66 milhões de consumidores
O número de inadimplentes em março teve crescimento de 3,89% na comparação com igual mês de 2024 | Crédito: Joédson Alves / Agência Brasil

O número de inadimplentes do Brasil em março deste ano teve crescimento de 3,89% na comparação com igual mês de 2024. Na passagem de fevereiro para março, o número de devedores cresceu 1,54%, segundo o Indicador de Inadimplência realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

O levantamento mostra que quatro em cada dez brasileiros adultos (42,01%) estavam negativados no terceiro mês de 2025, o que representa 69,66 milhões de consumidores.

“O número de inadimplentes cresceu mais um mês, atingindo o maior número da série histórica do indicador. O cenário demonstra um agravamento da situação financeira das famílias brasileiras e a dificuldade em manter as contas em dia. O momento é delicado, exige cautela antes de fazer novas compras e a necessidade de priorizar o pagamento das contas e das dívidas já adquiridas antes de fazer novos compromissos”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de três a quatro anos (43,97%).

O número de devedores com participação mais expressiva em março está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,76%). De acordo com a estimativa, são 17,25 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa, ou seja, metade (50, 79%) dos brasileiros desse grupo etário estão negativados. A participação dos devedores por sexo segue bem distribuída, sendo 51,06% mulheres e 48, 94% homens.

Valor médio

Em março de 2025, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.604,54 na soma de todas as dívidas. Além disso, cada inadimplente devia, em média, para 2,16 empresas credoras, considerando todas essas dívidas.

Os dados ainda mostram que três em cada dez consumidores (30,47%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 44,11% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.

Em março de 2025, o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 6,95% em relação ao mesmo período de 2024. O dado observado em março deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de fevereiro para março, o número de dívidas apresentou alta de 2,05%.

Dívida com bancos foi a que mais cresceu

Abrindo a evolução do número de dívidas por setor credor, o Indicador de Inadimplência realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) destacou a evolução das dívidas com o setor de bancos com crescimento de 10,83%. Em outra direção, as dívidas com o setor credor de água e luz (‐7,81%), comércio (‐3,32%) e comunicação (‐1,45%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.

“O governo tem trabalhado para abrir novas possibilidades de acesso ao crédito, mas o consumidor deve acessá-los com cuidado e inteligência, uma vez que é a oportunidade para trocar uma dívida mais cara por outra com juros menores”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.

Ele acrescenta que crédito nesse caso não deve ser usado para fazer novas compras, mas para fazer um planejamento de pagamento das dívidas que estão atrasadas.

Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de bancos, com 66,74% do total. Na sequência, aparece água e luz (9,87%), o setor de comércio com 9,73% e outros com 8,02% do total de dívidas.

Na abertura por região em relação ao número de dívidas, a maior alta veio da região Centro‐Oeste (12,75%), seguida pelo Norte (6,92%), Sudeste (5,79%), Nordeste (5,38%) e Sul (4,71%).

Em termos regionais, o maior percentual de inadimplentes está na região Centro‐Oeste, onde 45,91% da população adulta está incluída em cadastros de devedores. Por outro lado, na região Sul, a proporção de negativados equivale a 37,59% da população adulta.

Para todos os indicadores, considera-se que uma dívida é a relação de um credor com um devedor, mesmo que esse credor tenha incluído vários registros desse devedor junto ao SPC Brasil. Ou seja, mesmo que um devedor tenha quatro registros de um mesmo credor, assume-se que esse consumidor tem apenas uma dívida.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas