Inadimplência dos consumidores sobe 2,86% em Minas Gerais

O índice de inadimplência dos consumidores de Minas Gerais cresceu 2,86% em janeiro deste ano frente ao mesmo mês de 2024. De acordo com levantamento feito pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o indicador também aumentou na comparação com dezembro, com alta de 1,11% no período.
O estudo ainda aponta que cada consumidor possui, em média, duas contas em atraso e que o valor médio da dívida no Estado é de R$ 4.357,22. O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, explica que esse avanço da inadimplência pode estar relacionada à alta taxa de juros, que impede negociações mais razoáveis das dívidas, além da falta de controle financeiro por parte das pessoas, principalmente aquelas economicamente ativas.
“Na outra ponta, estão fatores macroeconômicos como a inflação do País, com destaque para os alimentos. Tudo isso esmaga o poder de pagamento das famílias, sobretudo as de baixa renda, e impede que elas paguem as contas em dia”, completa.
Ele também explica que os gastos do mês de dezembro do ano passado têm refletido na dificuldade para pagar as contas tradicionais de início de ano. De acordo com Silva, a tendência para os próximos meses é de maior dificuldade no acesso ao crédito e para as pessoas honrarem os compromissos, devido aos fatores macroeconômicos como a alta de juros.
“Os consumidores poderiam estar buscando algum tipo de crédito para quitar esses compromissos, mas não conseguem acessar e continuam inadimplente. Portanto, a tendência é que isso aconteça, devido ao cenário que nós estamos vivendo”, explica.
Para o dirigente, Minas Gerais é um dos destaques positivos do Brasil, impulsionado pelos investimentos que estão sendo atraídos e a taxa de empregabilidade do Estado. Segundo ele, esse cenário proporciona aos mineiros mais condições de melhoria da renda e de atender as demandas de consumo. “Minas tem um cenário mais favorável do que outros estados do Brasil que possuem o mesmo porte”, avalia.
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Outro ponto mencionado pelo presidente da CDL/BH é que pequenas cidades localizadas no interior de Minas Gerais tendem a apresentar resultados mais consolidados que as grandes metrópoles do Estado, onde a inadimplência é maior.
“As pessoas que vivem nas pequenas cidades do interior prezam mais pelo nome limpo e por pagar suas dívidas em dia. Essas pessoas se esforçam mais para quitar suas dívidas”, afirma.

Homens devem mais que as mulheres em Minas Gerais
O levantamento também demonstra o cenário da inadimplência em Minas na divisão por gênero. O valor médio devido pelos homens é superior ao das mulheres, com débitos de R$ 4.631,97 contra R$ 4.267,40. O presidente da CDL/BH destaca que essa diferença já foi ainda maior e que vem diminuindo nos últimos anos.
Segundo ele, o fato de muitas mulheres estarem assumindo o posto de chefes de família e, consequentemente, maior responsabilidade quanto aos gastos é um dos causadores dessa aproximação. “Os homens ainda continuam tendo maior busca por crédito e gastos de casa, mas as mulheres vêm avançando muito devido ao crescimento da empregabilidade feminina”, completa.
Ele ainda lembra que muitas mulheres costumam realizar compras para terceiros, principalmente para os filhos e maridos, que em muitos casos acabam não honrando com os compromissos. “O filho não cumpre com a mãe e ela não consegue pagar a compra realizada e se torna inadimplente”, diz.
No entanto, as mulheres possuem um volume mais elevado de contas em atraso. Os homens respondem por 44,36% dos volumes das dívidas e as mulheres por 44,5%. Os outros 11,14% correspondem ao gênero não determinado no banco de dados do SPC.
Já na análise por faixa etária, o grupo de consumidores com idade entre 30 e 39 anos foi o que mais acumulou débitos em janeiro, representando 23,82% da base de dados. Os consumidores desta faixa etária também apresentaram o valor médio devido mais elevado, com dívidas de R$ 5.233,67.
A economista da CDL/BH Ana Paula Bastos explica que esse grupo de pessoas tende a ser recorrente nas análises de inadimplência. Ela relata que esses consumidores entram para o cadastro de negativados, têm dificuldades de acessar o crédito e nem sempre fazem boas negociações das dívidas.
“Por isso não consegue honrar com os compromissos e retorna à inadimplência. Suas contas, geralmente, estão ligadas à cartão de crédito e financiamento estudantil”, explica.
Por outro lado, os consumidores com idade acima de 95 anos registraram o menor valor médio devido em Minas, com R$ 965,51. Além disso, eles representam apenas 0,72% do total de pessoas presentes no banco de dados do SPC Brasil.
Confira o índice de inadimplência dos consumidores de Minas Gerais por faixa etária
- De 18 a 24 anos: 5,3% – R$ 3.084,01;
- De 25 a 29 anos: 10,8% – R$ 3.060,92;
- De 30 a 39 anos: 23,82% – R$ 5.233,67;
- De 40 a 49 anos: 21,89% – R$ 4.824,83;
- De 50 a 64 anos: 21,68% – R$ 4.103,36;
- De 65 a 84 anos: 13,43% – R$ 3.398,85;
- De 85 a 94 anos: 2,06% – R$ 1.634,48;
- Acima de 95 anos: 0,72% – R$ 965,51.
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