Inadimplência das empresas cai 0,21% em Minas

No terceiro mês deste ano, o número de pessoas jurídicas (CNPJs) inadimplentes em Minas Gerais caiu 0,21%. É o que aponta o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. Conforme o levantamento, o volume de companhias do Estado com pelo menos um compromisso vencido e não pago saltou de 627.432 em fevereiro para 626.108 em março.
Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, o recuo do indicador em Minas é um importante sinal relativo à saúde financeira das empresas mineiras. Isso porque outras unidades da Federação, como São Paulo e Rio de Janeiro, tiveram elevação na quantidade de CNPJs inadimplentes. As altas dos estados vizinhos foram de 0,59% e 0,15%, respectivamente.
Ainda segundo os dados, o próprio Brasil registrou aumento de 0,36% no período. Ao somar 6.486.129 negócios em situação de inadimplência no mês de março, o País também alcançou o maior número registrado em toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2016.
“A economia de Minas é bem diversificada, mais do que o Rio de Janeiro, que está passando por uma crise econômica bastante complicada, e o próprio Estado de São Paulo, que depende muito da indústria e do setor de serviços. Tudo bem que temos uma produção rural importante em São Paulo, mas o peso no PIB (Produto Interno Bruto) é pequeno”, disse.
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“Já Minas tem uma agricultura com um peso mais relevante, além da questão do minério, que também é algo que está inserido numa cadeia exportadora global. Isso tem beneficiado ou pelo menos impedido que os números de inadimplência sejam piores que os desses dos dois vizinhos, muito próximos e com dimensões econômicas significativas”, complementou.
Patamar de empresas inadimplentes ainda elevado, e recorde no ticket médio
Apesar da queda frente a fevereiro, o patamar de empresas mineiras em situação de inadimplência continua elevado. Se comparado a março do ano passado, por exemplo, quando o indicador apontava 611.124 CNPJs inadimplentes, houve alta de 2,45%.
Da mesma forma, o valor total das dívidas continua aumentando. No terceiro mês de 2023, os 4.156.805 débitos em atraso somaram a quantia de mais de R$ 9,182 milhões, uma elevação de 2,06% em relação a fevereiro (R$ 8,996 milhões) e 11,94% frente a março de 2022 (R$ 8,202 milhões). Logo, o ticket médio também cresceu e chegou a R$ 2.209,07, o maior número registrado em toda a série histórica estadual da pesquisa, iniciada em 2019.
Rabi explica que o reajuste inflacionário é quem influencia a alta do valor médio das dívidas. Isso porque 77% dos débitos dos CNPJs são contraídos junto aos fornecedores. Como diversas companhias negociam insumos cotados pelo dólar, a inflação tende a ser ainda maior.
Alta taxa de juros também impacta
Embora a inflação que eleve o ticket médio, a taxa básica de juros, hoje em 13,75%, também impacta na inadimplência das empresas. Segundo o coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec-BH, Ari Francisco Araújo Júnior, a elevada Selic contribui para que os números se mantenham relativamente altos e para que não se tenham quedas mais relevantes.
Ele ressalta, porém, que vê como acertada a decisão do Banco Central (BC) em manter a Selic neste patamar. Conforme o coordenador, mesmo que houvesse uma redução, levaria um tempo para se observar um efeito da medida, uma vez que as outras taxas de financiamento do mercado tem uma certa rigidez para baixo, ou seja, sobem mais facilmente do que caem.
“Esse tipo de rigidez também aparece na medida que a taxa básica de juros se altera. Então quando a Selic cresce, o impacto para cima nas outras taxas é mais claro e mais facilmente observado. Por outro lado, quando a Selic cai, existe uma certa persistência na queda de outras taxas”, frisou.
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