Economia

Inadimplência em BH cai 0,8 p.p. em agosto

O nível de inadimplência dos consumidores de BH recuou no mês de agosto. Os dados são de uma pesquisa da Fecomércio-MG
Inadimplência em BH cai 0,8 p.p. em agosto
O cartão de crédito é a principal modalidade de compras da população | Crédito: Alessandro Carvalho

O nível de inadimplência dos consumidores de Belo Horizonte recuou no mês de agosto. Os dados são da Pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (Peic), realizada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG). De acordo com o estudo, 93,4% dos consumidores estão com dívidas, o que significa 0,8 ponto menor do que o levantado pela mesma pesquisa no mês de julho.

A pesquisa também mostra que as famílias que acreditam que não terão condições de pagar as dívidas em atraso também recuaram e somam 11,1% do total. Esse indicador aponta uma redução de 0,1 ponto percentual em relação ao apurado em julho.

Já o percentual de famílias com algum compromisso financeiro em atraso também teve recuo de 0,3 ponto percentual em relação a julho. Os dados revelam ainda que as famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos (58,0%) são as que apresentam maior dificuldade de manter os pagamentos em dia. 

Na avaliação da economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins, são muitos os fatores que podem estar contribuindo para a redução dos índices de endividamento e inadimplência. De acordo com ela, a ampliação das transferências de renda promovidas pelo governo federal como o ‘Desenrola Brasil’, o aquecimento do mercado de trabalho e a diminuição dos preços de itens essenciais, com ênfase nos alimentos, podem estar gerando uma maior sustentabilidade financeira. “Esses elementos, aliados a um maior controle financeiro das famílias, proporcionam a oportunidade de aumento e manutenção do consumo familiar sem a necessidade premente de recorrer ao crédito”, avalia.

De acordo com a economista, este é o segundo mês consecutivo de queda no nível de endividamento observado em BH, demonstrando um maior controle das dívidas por parte das famílias. “Essa tendência positiva também é respaldada pela diminuição na taxa de inadimplência, visto que, durante o mesmo período, 54,8% das famílias da cidade tinham contas em atraso, o que representou uma diminuição de 0,3 ponto percentual em comparação com o mês de julho”, explica.

Uso do carnê aumenta e exige atenção

Em agosto, o principal compromisso financeiro continuou sendo o cartão de crédito. De acordo com os dados da pesquisa, esta modalidade de compra foi adotada por 87,1% dos consumidores. Já o carnê aparece como segundo fator de endividamento para 35,1% dos belo-horizontinos. 

Gabriela Martins ressalta que é importante observar que, apesar das melhorias apontadas pelo estudo, o uso do cartão de crédito continua sendo a modalidade de dívida mais prevalente entre as famílias da região. “Isso deve-se, em grande parte, à ampla acessibilidade desta modalidade nos estabelecimentos comerciais e de serviços e à conveniência que o cartão oferece, como parcelamento de despesas e acumulação de pontos para benefícios futuros”, avalia.

Paralelamente, ela alerta que o uso do carnê está ganhando destaque ao longo do tempo. Enquanto em agosto de 2021, 19% dos consumidores recorriam a esta modalidade e em agosto de 2022, 22,8% optavam pelo carnê; em 2023, o número alcançou 35%. A economista explica que embora o carnê tenha suas vantagens como facilitar o acesso ao crédito para pessoas que enfrentam dificuldades em obter outras formas de empréstimo, oferecer menos burocracia e possuir prazos flexíveis para o pagamento, “é crucial considerar atentamente a situação financeira e as necessidades dos indivíduos antes de optar por essa alternativa”, alerta.

Diante disso, antes de decidir qual modalidade de crédito adotar, a economista orienta que é fundamental uma análise criteriosa das condições oferecidas pelos diferentes credores, avaliar sua capacidade de pagamento e considerar alternativas mais econômicas, quando possível.

Isso porque, de acordo com ela, o aumento do uso do carnê não quer dizer que os consumidores estão deixando de usar o cartão de crédito, visto que é o campeão dos compromissos financeiros. A estratégia para conseguir comprar, dessa forma, pode fazer com que o endividamento individual aumente de modo acumulado no cartão e no carnê. “É essencial ter em mente que o crédito via carnê geralmente implica taxas de juros mais elevadas em comparação com outras modalidades, o que pode aumentar o custo total do empréstimo”, explica.

Além disso, Gabriela Martins enfatiza que o não pagamento das parcelas dentro do prazo previsto pode acarretar juros adicionais e mais problemas financeiros. “A responsabilidade no uso do crédito é fundamental para evitar futuros problemas financeiros e inadimplência”, diz.

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