Inadimplência das empresas mineiras sobe no primeiro trimestre do ano

As empresas mineiras registraram alta de 7,6% na inadimplência no primeiro trimestre deste ano, índice acima do observado no mesmo período de 2023 (6,91%). De acordo com levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) com base nos dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o valor médio devido em março era de R$ 6.409,24.
O relatório da instituição ainda aponta, na comparação com o registrado no mês anterior, um avanço de 6,71% no número de CNPJs negativados no Estado, e também um aumento na quantia média devida, que em fevereiro era de R$ 6.339,70.
O presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, relata que as empresas mineiras têm apresentado, desde 2022, um crescimento constante no valor médio das dívidas. “Esse crescimento é atribuído à alta taxa de juros, que resulta em um encarecimento das dívidas e dificulta possíveis negociações”, explica.
Ele também aponta alguns fatores que podem ter contribuído para a inadimplência das companhias em Minas Gerais. Dentre eles, estão a falta de uma gestão eficiente de fluxo de caixa em curto prazo, somada a fatores sazonais como a queda nas vendas, atraso no recebimento de pagamentos de clientes ou aumento nos custos operacionais. Tudo isso pode ter afetado a capacidade de pagamento dessas empresas.
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Setor da Agricultura é o mais inadimplente
O estudo da CDL-BH também revelou que a Agricultura foi o setor com o maior registro de CNPJs no cadastro de inadimplentes no primeiro trimestre de 2024, com 19,54% do total. Em janeiro, o índice era de 18,5% e, em fevereiro, já representava 18,74% das companhias mineiras. O setor também apresentou o maior valor médio devido, com R$ 8.095,65.
Comércio registrou queda nas contas atrasadas
Enquanto isso, as empresas do setor de Comércio encerraram o período com redução na inadimplência, passando de 4,74%, em janeiro, para 3,5% em março. Vale ressaltar que esse indicador chegou a 2,31% em fevereiro deste ano. O valor médio devido ficou em R$ 7.212,07.
Souza e Silva explica que o fato desse segmento atuar, em sua maioria, com transações de curto prazo, possibilita que as empresas tenham dinheiro em caixa de forma mais rápida, reduzindo as chances de contas em atraso.
“De fevereiro para março notamos um aumento do registro de negativados, que pode ser atribuído a uma combinação de condições econômicas adversas como pressões sazonais, aumento dos custos operacionais, redução do consumo e possíveis desafios contínuos relacionados à pandemia”, pontua.
A economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, destaca que mesmo com um alto valor médio devido, o comércio vem apresentando redução no número de empresas registradas como inadimplentes. “Isso significa que a atividade vem se mostrando resiliente frente às mudanças econômicas como programas de renegociação de dívidas e redução da Selic”, avalia.
No caso da Indústria, a trajetória da inadimplência foi de 4,62% em janeiro, 2,67% em fevereiro, e 3,87% em março. A quantia média devida fechou em R$ 6.833,63 no final do trimestre. Já nas empresas mineiras do setor de Serviços, o indicador foi de 7,53% em janeiro, 5,06% em fevereiro, e 5,39% em março. O setor ainda apresentou o valor médio devido mais baixo no estudo, com R$ 6.184,21.
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