Economia

Inadimplência e endividamento diminuem em Belo Horizonte

Pesquisa mostra que as dívidas estão atrasadas, em média, há 64,1 dias na Capital
Inadimplência e endividamento diminuem em Belo Horizonte
Foto: Adobe Stock

Pelo terceiro mês consecutivo, o número de pessoas que não conseguirão pagar seus compromissos financeiros diminuiu em Belo Horizonte. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) aponta que, em abril, 23,8% dos respondentes declararam não ter condições de quitar suas dívidas, frente a 26% em março. No período, cerca de 32,5% do orçamento mensal das famílias estava comprometido com dívidas.

O levantamento foi conduzido pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

O principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores da capital mineira é o cartão de crédito. Em abril, 95,6% das famílias em Belo Horizonte comprometeram suas rendas com essa modalidade de pagamento. Para grupos familiares que ganham acima de dez salários mínimos, o levantamento mostrou que 99,6% estão endividadas no cartão. Já entre consumidores com rendimentos abaixo de dez salários, a proporção é de 95%.

O levantamento da CNC novamente indicou diferenças nos tipos de endividamento entre as diversas faixas de renda em Belo Horizonte. Para famílias que recebem até dez salários, a principal dívida após o cartão de crédito são os carnês, com 33,6% das menções dos entrevistados. Já para consumidores com renda superior a este patamar, a dívida mais relevante são os financiamentos de veículos, citados por 23,3% das pessoas nessa categoria familiar.

Endividamento também recua novamente em Belo Horizonte

O endividamento das famílias de Belo Horizonte segue em trajetória de queda e recuou pelo sexto mês seguido. Em abril, 87,4% dos consumidores da capital mineira estavam endividados, resultado 1,6 ponto percentual (p.p.) menor do que o observado em março.

O percentual de consumidores com contas em atraso na cidade diminuiu 0,3 p.p. na comparação entre março e abril, somando 51,9%. De maneira detalhada, no caso de famílias com renda igual ou inferior a dez salários mínimos, o índice chegou a 53,1%, enquanto para famílias com salários acima dessa faixa de renda, foi de 44,9%.

A pesquisa sobre endividamento e inadimplência também mostrou que as dívidas estão atrasadas, em média, há 64,1 dias em Belo Horizonte. Entre famílias com renda até dez salários, 49,8% estão com débitos atrasados entre 30 a 90 dias, enquanto 49,9% estão com contas atrasadas por mais de 90 dias.

Já a maior parte das famílias com renda superior a dez salários (42,9%) possui pagamentos com atraso acima de três meses, enquanto 32,3% estão com atrasos de 30 a 90 dias nas contas e, para 24,8%, o atraso é de até 30 dias.

Mesmo com juros altos, quedas na inadimplência e endividamento devem continuar

Para a economista da Fecomércio MG Gabriela Martins não é possível dizer que o cenário de inadimplência das famílias em Belo Horizonte chegou a um limite com o patamar alcançado no final do ano passado (27,2%), o maior já observado na Peic. “No entanto, a gente vem numa retração bem significativa no número de famílias que estão nessa situação, então realmente podemos falar que é uma tendência de queda”, disse.

A redução da inadimplência é atrelada sobretudo ao ganho real de renda das famílias, impulsionado diretamente pelo reajuste do salário mínimo acima da inflação, além do mercado de trabalho aquecido. Ainda assim, a economista ressalta que patamares elevados de famílias com contas atrasadas preocupam os setores de comércio e serviços, já que resulta em restrição ao crédito e, consequentemente, restrição do consumo e mais cautela dos consumidores.

Gabriela Martins destaca que, mesmo com a manutenção de uma taxa de juros elevada, o aumento da renda, o mercado de trabalho e a restrição ao crédito farão com que a inadimplência e o endividamento das famílias continuem em queda em Belo Horizonte. “Apesar dos juros altos e também da inflação expressiva em alguns produtos, a gente tem um cenário, por outro lado, bastante positivo e pode gerar um equilíbrio nos próximos meses”, analisa.

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