Economia

Inadimplência pode aumentar na capital mineira, alerta Fecomércio-MG

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Fecomércio MG aponta que, em abril, 14,8% dos respondentes declararam não ter condições de quitar suas dívidas
Inadimplência pode aumentar na capital mineira, alerta Fecomércio-MG
Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

Pelo quinto mês consecutivo, o número de pessoas que não conseguirão pagar seus compromissos financeiros aumentou em Belo Horizonte. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) aponta que, em abril, 14,8% dos respondentes declararam não ter condições de quitar suas dívidas, frente a 13,2% em março. Também no período, cerca de 29,7% do orçamento mensal das famílias estava comprometido com dívidas mensais.

O levantamento foi conduzido pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

O economista Gilson Machado, da Fecomércio MG, aponta que os dados servem de alerta para um aumento da inadimplência em Belo Horizonte e sugere a educação financeira para contornar o problema.

O principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores da capital mineira é o cartão de crédito. Em março, 92,3% das famílias da cidade comprometeram suas rendas com essa modalidade de pagamento. Para grupos familiares que ganham acima de dez salários-mínimos, o levantamento mostrou que 95% estão endividadas no cartão. Já entre os consumidores com rendimentos abaixo de dez salários, a proporção do endividamento é de 91,8%.

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O levantamento da CNC novamente indicou diferenças nos tipos de dívidas entre diferentes faixas de renda em Belo Horizonte. Para famílias que recebem até dez salários, a principal dívida após o cartão de crédito são os carnês, com 27,1% das menções dos entrevistados. Já para consumidores com renda superior a este patamar, a dívida mais importante são os financiamentos de veículos, citados por 24,8% das pessoas nessa categoria familiar.

Endividamento recua novamente em Belo Horizonte

O endividamento das famílias de Belo Horizonte segue em trajetória de queda e recuou pelo décimo mês seguido. Em abril, 89,1% dos consumidores da Capital estavam endividados, resultado 0,6 ponto percentual (p.p.) a menos que o observado em março e o menor desde janeiro de 2023.

O percentual de consumidores com contas em atraso na cidade diminuiu 0,7 p.p. na comparação entre março e abril, somando 49,6%. De maneira detalhada, no caso de famílias com renda igual ou inferior a dez salários-mínimos, o índice chegou a 52,5%, enquanto para famílias com salários acima dessa faixa de renda, foi de 32,8%.

A pesquisa sobre endividamento e inadimplência também mostrou que as dívidas estão atrasadas, em média, há 58,2 dias em Belo Horizonte. Entre famílias com renda até dez salários, 37,9% estão com débitos atrasados entre 30 a 90 dias, enquanto 37,8% estão com contas atrasadas acima de 90 dias. Já a maior parte das famílias com renda superior a dez salários (46,4%) conta com pagamentos em atraso de até um mês.

Planejamento pode reduzir inadimplência

O economista alerta para o percentual de consumidores sem condições de pagar suas dívidas, que pode gerar inadimplência e afetar o consumo. “Se as pessoas ficam inadimplentes, deixam de consumir o que não é essencial e é ruim para o mercado”, disse Machado.

O economista também ressalta o aumento do tempo de pagamento de contas em atraso, hoje próximo a dois meses. “É ruim porque sugere que as pessoas estão numa situação mais delicada”, declara. Ele aponta a falta de educação financeira como um dos motivos. “Falta de planejamento logo traz impactos, gera uma bola de neve porque as pessoas consomem mais do que podem pagar”, completa.

Outro ponto é o fato da maioria da população de Belo Horizonte ter rendimentos de até dez salários mínimos. Nessa faixa, situações de emergência levam ao não pagamento de contas já existentes e aumenta a inadimplência.

As contas do início do ano e o consumo elevado – além da falta de planejamento – contribuem para a inadimplência em Belo Horizonte. Mas o economista da Fecomércio MG acredita que essa condição irá se estabilizar. “Acaba que o consumidor não coloca isso no orçamento. A tendência é que ao longo do ano, sem despesas extras, tende a normalizar”, finaliza.

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