Inadimplência e restrição de crédito impactam financiamento de veículos em Minas

O mercado de financiamento de veículos em Minas Gerais registrou retração de 5,7% no mês de março de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo dados do Sistema Nacional de Gravames (SNG), que é operado pela B3, foram financiados 48,2 mil veículos considerando modelos novos e usados, o que representa uma queda de 6% em março na comparação com fevereiro deste ano.
No segmento de automóveis leves, o levantamento aponta uma diminuição dos financiamentos de 5,6% em relação a março do ano anterior e um recuo de 7,3% quando comparado com fevereiro de 2025. Por outro lado, a demanda por motocicletas em Minas Gerais apresentou uma variação positiva de 0,3% na comparação anual, embora tenha acompanhado a tendência de queda geral na comparação com o mês anterior, com uma redução de 6%.
Já na categoria de veículos pesados, a demanda por financiamento também apresentou um desempenho negativo em março em Minas Gerais. Os dados mostram uma queda de 6% na comparação com o mesmo período do ano passado e uma retração de 6,8% em relação ao mês de fevereiro.
“Essa redução se deve ao fato de que as classes C, D e E não têm conseguido pagar financiamentos. Muitas vezes são pessoas ou famílias que não fazem um planejamento e não se programam para honrar com as parcelas, tanto que a inadimplência dos bancos tem tido um ligeiro aumento. Isso já era esperado”, pontua o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos do Estado de Minas Gerais (Assovemg), Glenio Junior.
Ele destaca ainda que, desde o começo deste mês, os bancos em todo o País têm adotado medidas para reduzir a flexibilização dos financiamentos, em resposta à maior oferta de crédito no mercado. Consequentemente, as instituições financeiras estão diminuindo o volume de aprovações para prevenir contratempos.
Números do interior de Minas em descompasso com a Capital
Glenio Junior explica que, no Estado, o endividamento tem sido mais evidente para consumidores que são de grupos interessados em automóveis cujo tempo de uso seja de quatro a cinco anos. Por outro lado, grupos que se interessam por veículos com até três anos costumam ter uma renda melhor e, consequentemente, a inadimplência é menor.
“O que vemos nestes três primeiros meses do ano é que o mercado, mais especificamente aqui na Grande Belo Horizonte, teve uma pequena redução nos financiamentos, enquanto o interior de Minas teve um crescimento mais robusto de quase 10%. Geralmente, os números da Capital e do interior andam juntos, ditados pela oferta de veículos de até três anos de uso. Ou seja, a tendência é de muita oferta e pouca venda”, comenta o presidente da Assovemg.

Previsão é de retomada dos financiamentos
A previsão é de na transição do primeiro para o segundo semestre deste ano é de que o desempenho de financiamentos de veículos se normalize, apresentando uma retomada mais robusta com a venda de seminovos e usados. Esse movimento deve ser impulsionado pela crescente disparidade entre o preço do carro zero e do seminovo, tornando a segunda opção mais atrativa para os consumidores que buscam um melhor custo-benefício em um cenário de incertezas.
“Esperamos que este quadro seja revertido. Afinal, ninguém deseja comprar um carro e, por não ter condições de pagar, ter que devolvê-lo depois. Esperamos que esse cenário melhore, mas tudo depende do que vai acontecer no mercado global. Apesar do nosso setor não ser impactado diretamente pelo mercado internacional, uma hora as taxas e juros podem influenciar o comércio”, conclui.
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