Economia

Índice de pobreza em Minas Gerais cai para o menor nível em 12 anos

Patamares atingidos pelo Estado no ano passado são os menores desde 2012, conforme levantamento do IBGE
Índice de pobreza em Minas Gerais cai para o menor nível em 12 anos
Percentual da população considerada pobre diminuiu de 27% em 2022 para 19,8% em 2023 | Crédito: Rovena Rosa / Agência Brasil

Em 2023, os índices de pobreza e extrema pobreza em Minas Gerais caíram para os menores níveis desde 2012, ano em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começou a produzir a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS).

A nova edição do estudo, divulgada nesta quarta-feira (4), mostra que o percentual da população considerada pobre diminuiu de 27% em 2022 para 19,8% no ano passado. Já o estrato populacional extremamente pobre recuou de 3,2% para 2,2%.

Para o levantamento, as pessoas que se encontram na linha da pobreza são aquelas que dispõem de menos de US$ 6,85 por dia em poder de paridade de compra (PPC) ou R$ 665/mês. Enquanto isso, as que estão na extrema pobreza são as que têm até US$ 2,15 em PPC por dia ou R$ 209/mês. A entidade leva em conta os parâmetros do Banco Mundial.

Observa-se na série histórica da pesquisa que, após uma queda da população pobre do Estado em 2020, houve alta acentuada em 2021, uma redução no ano seguinte e, no último exercício, o recorde. Com o estrato populacional extremamente pobre, ocorreu algo semelhante, porém, a baixa no primeiro ano da pandemia de Covid-19 foi menos intensa.

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O professor de economia do Centro Universitário Una de Sete Lagoas Wagner Cardoso elenca fatores que podem ter contribuído para a diminuição dos índices de pobreza e extrema pobreza. Entre eles, o aumento da geração de empregos formais.

Neste caso, a pesquisa mostra que os indicadores de mercado de trabalho realmente melhoraram, tanto é que o nível de ocupação e a taxa de desocupação atingiram, em 2023, os melhores patamares da história. Conforme a SIS, a proporção de pessoas ocupadas em relação às com idade de trabalhar avançou de 59,1% em 2022 para 61,1% no ano passado. Já o percentual de desocupados frente ao total da força de trabalho caiu de 7,7% para 5,8%.

Reflexos da diminuição dos níveis de pobreza e extrema pobreza

A diminuição dos índices de pobreza e extrema pobreza reflete diretamente na economia. O docente ressalta que o aquecimento do mercado de trabalho está possibilitando que as famílias que estavam desempregadas se ocupem e disponham de renda. Por consequência, o nível de consumo tem aumentado significativamente, diz Cardoso.

Programas de transferências de renda influenciam

Outro ponto que pode ter motivado a redução dos níveis de pobreza e extrema pobreza em Minas Gerais, na avaliação do docente da Una, são os programas de transferência de renda. “A expansão de políticas como o Bolsa Família ajuda demais a injetar recursos nas comunidades, principalmente, nas mais vulneráveis (…)”, destaca Cardoso.

O coordenador da supervisão estadual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, Lucas Silveira, também realça os programas de transferência de renda apontando para os resultados do Índice de Gini do Estado.

De acordo com o levantamento da entidade, o indicador, que sintetiza a análise da distribuição de rendimento domiciliar per capita, subiu de 0,466 em 2022 para 0,476 em 2023 – quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda. Contudo, na ausência de benefícios de programas sociais, o indicador saltaria de 0,491 para 0,504.

Silveira enfatiza, por fim, os impactos dos programas de transferência de renda, sobretudo, na curva do Índice de Gini na pandemia. Em 2020, houve intenso recuo, com a introdução dos benefícios emergenciais. Em 2021, com o mercado de trabalho enfraquecido e a redução dos benefícios emergenciais, o indicador aumentou e, no ano seguinte, com a retomada parcial do mercado de trabalho e novo incremento dos benefícios sociais, voltou a cair.

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