Economia

Indústria do aço não investirá R$ 100 bilhões no Brasil, como anunciado em 2024

O setor do aço vai revisar para baixo o volume de investimentos no Brasil; aporte previsto de R$ 100 bilhões entre 2024 e 2028 será reduzido no novo ciclo 2025-2029
Atualizado em 27 de agosto de 2025 • 20:31
Indústria do aço não investirá R$ 100 bilhões no Brasil, como anunciado em 2024
Crédito: REUTERS/Yves Herman

De São Paulo*

Diante de um cenário considerado crítico, sobretudo em razão do aumento das importações, a indústria do aço vai revisar para baixo o volume de investimentos no Brasil. As siderúrgicas previam aplicar R$ 100 bilhões entre 2024 e 2028, mas, na projeção para o período de 2025 a 2029, o montante será reduzido.

A previsão de aporte bilionário havia sido anunciada em maio do ano passado pelo governo federal, após reunião entre representantes do setor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSD). No entanto, a situação do mercado não evoluiu de forma favorável desde então, o que levará à revisão das perspectivas.

“Não temos o dado fechado agora, mas posso antecipar que não serão mais os R$ 100 bilhões previstos anteriormente. Há mudanças relacionadas ao dólar e também no escopo de investimentos, à luz de tudo o que está acontecendo”, afirmou o presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, em coletiva de imprensa no Congresso Aço Brasil, ao ser questionado pelo Diário do Comércio.

Marco Polo de Mello Lopes | Foto: Divulgação/Instituto Aço Brasil

“Uma coisa é investir tendo assegurado seu mercado interno. Outra é aplicar recursos quando um terço desse mercado está sendo invadido por importações predatórias e desleais. Certamente haverá uma redução em relação aos R$ 100 bilhões anunciados na reunião com o presidente Lula e o vice-presidente Alckmin”, afirmou.

Falta de previsibilidade afeta o setor

Segundo Lopes, a reavaliação da cifra estimada decorre da falta de previsibilidade. Embora a indústria do aço mantenha otimismo na busca por novas soluções, ainda há um ponto de interrogação em relação às medidas que o governo federal adotará para conter as importações e também quanto ao avanço do processo de acesso ao mercado dos Estados Unidos, onde o aço brasileiro passou a ser taxado em 50% em junho. De acordo com o executivo, não há um novo mercado no mundo capaz de absorver o envio das placas brasileiras.

Coletiva Congresso do Aço
André Gerdau Johannpeter | Foto: Divulgação/ Instituto Aço Brasil

O presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, André B. Gerdau Johannpeter, disse que a entidade ainda precisa consultar as siderúrgicas para informar a projeção atualizada. Ele destacou, entretanto, que algumas produtoras de aço que divulgam resultados mencionaram o risco de revisar, postergar ou até cancelar investimentos diante do cenário de incerteza. Cabe dizer, neste caso, que a Gerdau, por exemplo, já anunciou a decisão de reduzir o volume anual de aportes no Brasil a partir do próximo ano.

Instituto elenca prioridades para a siderurgia

Diante do cenário desafiador que o setor enfrenta, a entidade elencou as prioridades da siderurgia brasileira. A primeira delas é a recuperação do mercado nacional, com a celeridade e efetividade na aplicação de medidas de defesa comercial. A segunda refere-se a expansão do mercado, com a retomada do crescimento econômico. Outros dois pontos também foram listados: o fortalecimento da cadeia metalmecânica instalada no País e a redução do chamado Custo Brasil, com a recuperação da competitividade sistêmica.

(*) O repórter viajou a convite do Instituto Aço Brasil

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