Economia

Indústria de alimentos de Minas Gerais deve crescer cerca de 10% neste ano

Indústria de alimentos de Minas Gerais deve crescer cerca de 10% neste ano
Foto: Castelo Alimentos / Divulgação

Depois de registrar incremento de 9% no faturamento em 2024 frente ao exercício anterior, a indústria de alimentos de Minas Gerais deve crescer por volta de 10% neste ano, segundo perspectiva do presidente da Câmara da Indústria de Alimentação da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Vinícius Dantas.

“Os primeiros cinco meses apresentaram uma sinalização positiva”, diz. Um dos motivos, conforme ele, foi o investimento do governo do Estado na melhoria da qualidade da merenda escolar, com previsão de investimentos de R$ 405,7 milhões neste ano.

Conforme informações do governo do Estado, desde o início da atual gestão, foram investidos quase R$ 2 bilhões em alimentação escolar. Em 2023, foi estabelecido o valor mínimo de R$ 51,2 mil por escola para a compra de alimentos, com o objetivo de garantir cardápios mais fartos. 

“O clima até o momento também não atrapalhou”, observa Dantas. No aspecto negativo, ele afirma que os empresários estão inseguros para investir neste ano em razão dos juros altos, que encarecem o custo do dinheiro, já que o crédito acaba ficando mais caro.

De fato, a taxa básica de juros da economia, a Selic, está no maior nível desde agosto de 2006, em 14,75% ao ano. Foi no começo de maio que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, voltou a aumentar a Selic. A elevação foi de 0,5 ponto percentual. Foi a sexta alta seguida da taxa.

Outro entrave enfrentado pela indústria da alimentação mineira é a dificuldade de encontrar mão de obra, em especial, nas atividades mais artesanais e que usam pouca tecnologia. “Nas indústrias maiores, com salários mais atrativos e mais robotizadas, o problema também existe, mas numa intensidade menor”, observa o presidente da Câmara da Indústria de Alimentação da Fiemg.

Até mesmo o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter reflexos no setor, na avaliação de Dantas. O motivo é o receio do impacto negativo nas exportações brasileiras para o país norte-americano no emprego no Brasil.

Produção da indústria de alimentos em Minas

Um indicador que mostra como está o desempenho do setor em Minas foi divulgado nesta quarta-feira (11): a produção da indústria. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a atividade apresentou crescimento de 0,3% neste ano até abril. No acumulado dos últimos 12 meses, a elevação na produção foi de 0,7%. Já em abril deste ano frente igual mês de 2024, o resultado foi negativo, com recuo de 2,8%.

No caso do desempenho nacional, o recuo foi verificado nas três comparações. No ano, a queda na produção foi de 0,7%. Em 12 meses, a retração foi de 0,5%. E no quarto mês de 2025 ante igual mês do exercício anterior, o recuo foi de 4,9%.

Faturamento da indústria do trigo em queda no Estado

Na indústria do trigo em Minas, o faturamento no acumulado do ano até maio está 8% menor na comparação com igual período de 2024, segundo o presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo do Estado de Minas Gerais (Sindimoinhos), Sérgio Macedo.

Ele explica que são vários os problemas enfrentados pelo setor, entre eles, os mais comuns que atingem o setor produtivo, como a taxa de juros alta e a dificuldade de conseguir mão de obra. “Somos um setor que opera aos fins de semana e que trabalha 24 horas”, observa.

Atualmente, são cerca de 1,2 mil pessoas atuando no setor no Estado, que conta com quatro moinhos, sendo dois localizados na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), além de um em Uberlândia (Triângulo Mineiro) e outro em Varginha (Sul de Minas).

Além disso, existe a concorrência desleal com o trigo do Paraná, em razão da diferença no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O governo do estado do Paraná prorrogou os benefícios fiscais do ICMS para o setor.

A medida está prevista no decreto 8.401/2024, assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Júnior, no final do ano passado, e é válida até 31 de dezembro de 2028.  O estado do Sul conta com 67 moinhos industriais e é responsável por 30% da moagem do grão no País.

E diante do atual cenário, o presidente do Sindimoinhos diz que a situação é difícil de ser revertida neste ano em Minas Gerais. “Se empatar com 2024, será um bom resultado”, avalia. Macedo diz que a situação de concorrência desleal deve ser alterada com a reforma tributária. “Só que isso leva tempo”, observa.

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