Indústria de autopeças em Minas Gerais cresce acima do esperado

A indústria de autopeças em Minas Gerais vive um ano positivo, com crescimento acima das expectativas iniciais. O bom desempenho do setor reflete a alta das exportações de autoveículos – que inclui carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus –, especialmente para a Argentina, visto que as vendas internas estão praticamente estáveis.
Quem informa é o diretor regional do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Fábio Sacioto. De acordo com ele, a produção de autopeças no Estado, entre janeiro e agosto de 2025, ante igual intervalo de 2024, subiu aproximadamente 6%. O avanço projetado para o período era de cerca de 3% a 4%.
Nesse mesmo recorte de tempo, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os embarques brasileiros de autoveículos ultrapassaram a marca de 378 mil unidades, o que representa um incremento anual de quase 56%. Segundo a entidade, o mercado argentino respondeu por 59% das compras.

Apenas do polo automotivo da Stellantis em Betim saíram 28.017 unidades rumo ao país vizinho nos primeiros oito meses deste ano, aumento de 166% frente à mesma época do ano passado. Entre os seis modelos produzidos na planta que são enviados à Argentina, a Fiat Strada foi a mais vendida (6.234), seguida pelo Mobi (6.017) e pelo Fastback (4.283).
O complexo industrial do grupo franco-ítalo-americano na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é o principal cliente da indústria mineira de autopeças. Logo, não apenas as exportações, como o desempenho geral da fábrica, refletem no setor.
Também é válido destacar que a produção em Betim está em alta. Sacioto diz que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de alguns modelos de carros tem impulsionado a performance da fábrica e, consequentemente, dos fornecedores.
“A soma desses dois fatores – a exportação e a redução do IPI – foi muito boa para as autopeças do Estado”, afirma o diretor. “Nossa projeção de crescimento para o ano é manter os 6% para Minas. Para o Brasil, é de aumento de 2,9%”, informa.
Desafios diante do tarifaço dos EUA
O tarifaço dos Estados Unidos (EUA) sobre produtos brasileiros tem impactado a indústria de autopeças, sobretudo empresas que exportam peças para motores ou motores completos, segundo Sacioto. Ele ressalta que o setor não foi incluído na lista de exceções.
De acordo com relatório produzido pela Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças) e pelo Sindipeças, as exportações de autopeças do Brasil para os Estados Unidos em agosto caíram 13,9%. No acumulado do ano, os embarques recuaram 6,8%.
Vale dizer que segue em vigor desde 3 de maio sobretaxas de 25% sobre autopeças destinadas a veículos de passageiros e comerciais leves de até cinco toneladas, enquanto veículos acima desse porte e suas autopeças foram incluídos na alíquota de 50%, que passou a vigorar em agosto. Os EUA são o segundo principal cliente das autopeças do Brasil, atrás apenas da Argentina, conforme consta no levantamento feito pelas entidades.
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