Indústria: confiança recua após 8 meses de alta

Brasília – O Índice de Confiança da Indústria medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) teve, em janeiro deste ano, sua primeira queda depois de oito meses de alta. O indicador recuou 3,6 pontos em relação a dezembro de 2020 e chegou a 111,3 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos. O dado foi divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas.
Empresários de 14 dos 19 segmentos industriais pesquisados registraram queda da confiança. O Índice da Situação Atual, que mede a confiança no presente, teve queda de 3,6 pontos e chegou a 116,3 pontos.
Já o Índice de Expectativas, que mede a confiança no futuro, recuou 3,3 pontos e atingiu 106,3 pontos.
“O resultado é reflexo de uma percepção menos favorável dos empresários sobre a situação atual dos negócios e perspectivas menos otimistas para a produção prevista para os próximos três meses, que parece estar relacionada com o fim dos benefícios emergenciais e avanço da pandemia no País. Apesar disso, a indústria segue ainda em patamar alto em termos históricos, se destacando entre os demais setores econômicos”, disse a pesquisadora da FGV Viviane Seda Bittencourt.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada avançou 0,6 ponto percentual, para 79,9%. Esse é o maior valor observado desde novembro de 2014 (80,3%).
Despesas – O custo da indústria subiu 8,6% no terceiro trimestre de 2020 na comparação com o trimestre anterior, informou ontem a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a CNI, é o maior aumento trimestral desde o início da série histórica, em 2006.
A CNI disse que o Indicador de Custos Industriais (ICI) reflete, em parte, um ajuste em relação à queda transitória de custos do segundo trimestre, que se deu em razão da crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e de “políticas governamentais de mitigação da crise”.
A confederação destacou que o aumento no indicador que mede os custos do setor acendeu um “sinal de alerta na indústria”, principalmente porque a série recente mostra o aumento crescente dos custos relacionados aos bens intermediários, nacionais e importados.
“O custo com bens intermediários nacionais cresceu progressivamente ao longo dos três primeiros trimestres de 2020. No primeiro trimestre, houve um aumento de custos de 2,6%, seguido por um aumento de 4,1% no segundo trimestre e de 6,6% do terceiro”, informou a CNI.
Na avaliação da CNI, a previsão é que o custo com produtos intermediários continue subindo no quarto trimestre de 2020 e em 2021, tanto pelo efeito gradual do aumento dos insumos precificados em dólar, quanto pela escassez de insumos e matérias-primas.
O boletim diz ainda que o custo com energia da indústria subiu 5,2% no terceiro trimestre de 2020. O aumento foi puxado principalmente pelo óleo combustível, cujo custo subiu 35,9% na comparação com o segundo trimestre e não reverteu a queda de 9,5% ocorrida no segundo trimestre de 2020.
“Dessa forma, no acumulado do ano de 2020 até o fim do terceiro trimestre, o custo com energia acumula queda de 1,2% em relação ao mesmo período de 2019”, diz o boletim.
A confederação disse ainda que o custo tributário subiu 34% no trimestre, mas observou que o segundo trimestre de 2020 foi um trimestre atípico para a arrecadação tributária por conta da crise e de medidas de adiamento do prazo do pagamento de tributos postas em prática pelo governo.“O custo tributário aumentou 34%, revertendo queda de 22,1% registrada no segundo trimestre”, diz o boletim. (ABr)
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