Indústria de alimentos crê em avanço mesmo com alta em embalagens

A alta do dólar, cotado em cerca de R$ 5,07, aumentou o preço das embalagens dos produtos alimentícios e já baixou um pouco o otimismo da indústria do setor. A avaliação é do presidente da Câmara da Indústria de Alimentos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Mário Marques, que também é vice-presidente da Fiemg e do Sindicato da Indústria de Bebidas (Sindibebidas).
Marques, que em janeiro havia previsto um crescimento de 10% do setor alimentício em Minas Gerais, agora acredita que a expansão deste segmento seja um pouco menor, alcançando 7% até o final do ano.
Ele explicou que o reajuste dos preços das embalagens, necessárias para envolver e proteger os alimentos, possibilitando que estes produtos cheguem sem contaminação até a mesa do consumidor final, foi afetado pelo aumento do dólar. Em função do reajuste desses invólucros, parte do setor alimentício pagou mais para embalar os seus produtos, deixando-os um pouco mais caros.
Mas, apesar dessa circunstância, os preços de alguns alimentos que haviam subido em 2020, como os farináceos (pães, biscoitos, bolos etc ) e grãos (como arroz e feijão) se estabilizaram.
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Apesar da tendência de aumento do custo do leite, considerado sazonal, por causa da redução do volume das chuvas no outono e durante o inverno, o clima na indústria alimentícia ainda é de otimismo. “O aumento do leite, sempre ocorre neste período. Sem chuvas, há menos pasto, o que obriga os produtores de laticínios a investirem mais em ração, o que provoca o reajuste dos produtos lácteos, em geral”, afirmou.
Outro fator que incentiva o otimismo da indústria alimentícia é a concessão do auxílio emergencial, que pode ser prorrogado até outubro, segundo já admitiu o ministro da Economia, Paulo Guedes. Embora menor que os R$ 600 pagos em média no ano passado, a 68,2 milhões de brasileiros, o auxílio que agora é de R$ 375 e atinge 45,6 milhões de pessoas deverá ser usado na compra de alimentos.
Bebidas
Mas a venda de bebidas como sucos, refrigerantes e cervejas, setor do qual Marques faz parte, deve crescer um pouco mais do que a dos demais setores alimentícios. Marques acredita que, em relação ao ano passado, o setor de bebidas cresça cerca de 8%.
“Por causa da Covid-19, do receio de se contrair resfriados e gripes por causa da queda na umidade do ar, as pessoas tendem a se hidratar mais nesse período”, avaliou. Outro fator que, ainda conforme Marques, justifica esta tendência de um crescimento um pouco maior do setor de bebidas que os demais é que as embalagens destes produtos estão tendo um aumento menor que as dos outros segmentos alimentícios.
Crescimento
Até o mês de agosto, ainda conforme Marques, o número de vacinados em Minas Gerais deve alcançar 60%. Ele acredita que o crescimento do contingente de pessoas vacinadas vá possibilitar a retomada das atividades produtivas, gerando empregos e aquecendo a economia.
Além disso, no segundo semestre, a indústria alimentícia começa a se preparar para o final do ano quando, normalmente, há um aumento de eventos que provocam a expansão deste tipo de consumo. “Esperamos ter um Natal muito menos restritivo do que o do ano passado. A tendência é crescermos sim”.
Panificação usa criatividade para driblar custos
Presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação do Estado de Minas Gerais (Sip) e da Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Vinícius Dantas também acredita que o setor alimentício tende a crescer em relação ao ano passado.
Para Dantas, a economia brasileira vem reagindo e, com criatividade, as indústrias panificadoras estão contornando o problema da alta das embalagens. “Muitos passaram a embalar seus alimentos com isopor na base e um tipo de papel-filme por cima. Em vários estabelecimentos a procura por produtos com embalagem do tipo Tetra Pak está diminuindo. Com isso, a tendência é o setor de embalagens abaixar os preços”, afirmou.
Dantas também elogiou as iniciativas do governo mineiro, que vêm atraindo empresas como a Amazon, para Betim, e as medidas do governo federal de parcelamento das dívidas tributárias, o que pode fazer com que empresas que estavam paradas voltem ao mercado.
Pequenos comerciantes
Dono do supermercado Paizão, no bairro São Benedito, no centro comercial de Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, o empresário Igor Guimarães está preocupado. Como sua clientela, em sua grande maioria, recebe o auxílio emergencial do governo, ele tem notado queda na quantidade de mercadorias consumidas. “Eles estão levando menos e pagando mais”, afirmou.
O leite, que havia aumentado de preço em 2020, já sofreu, segundo ele, um novo reajuste na semana passada. “Não só o leite, mas todos os derivados do leite já aumentaram. Eu estava comprando um litro de leite integral a R$ 2,79, agora não acho por menos de R$ 3,59. O reajuste chega a 25%”, afirmou.
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