Indústria de alimentos deve crescer até 5% no segundo semestre em Minas Gerais

A indústria de alimentos em Minas Gerais está apresentando um bom desempenho no segundo semestre deste ano e estima crescer de 4% a 5% em relação ao mesmo período do ano passado. A avaliação é do presidente da Câmara da Indústria da Alimentação, da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Vinícius Dantas.
De acordo com o dirigente, apesar dos desafios, o setor conseguiu avançar. “Mesmo com todas as dificuldades, houve uma busca maior por produtos alimentícios transformados, e estamos vendendo mais”, afirma.
Na opinião de Dantas, quando as pessoas não conseguem adquirir bens de maior valor, elas consomem mais produtos de natureza alimentícia, optando por aqueles de melhor qualidade. “Se a pessoa não consegue comprar uma casa ou um carro porque os juros estão muito altos, ela fica com a falsa sensação de que tem mais dinheiro na conta, já que não tem parcelas para pagar”, diz.
Para ele, a insegurança jurídica é um dos fatores que não têm permitido ao setor avançar mais. “Às vezes, vale mais a pena arriscar uma produção em que eu vou gerar um estoque maior do que gerar novos postos de trabalho por demanda em cima da hora. São riscos que vamos calculando”, comenta.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Atrelado a esse fator, ele cita a questão da reforma tributária. “Não estamos vendo caminhar (a reforma) e há pontos que são críticos. A gente ainda não a conhece de fato, ficamos na espreita: vale a pena produzir para atender o mercado ou produzir o suficiente para manter o negócio?”.
Ao avaliar esses riscos, Dantas relata que, muitas vezes, o empresário põe na balança e prefere reduzir a produção a ousar, fato que freia novos investimentos e até o crescimento do setor.
Ao analisar o desempenho dos segmentos, o presidente relata que a indústria de sucos é a que tem se destacado mais e deve configurar o de melhor desempenho no segundo semestre. Ele não atribui isso a nenhum motivo especial, mas pontua que foi o segmento com maior destaque.
A Seu Ninico, fábrica de pães de queijo instalada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), confirma o bom desempenho e afirma que cresceu este ano, apesar de não divulgar números. O motivo é atribuído à qualidade dos produtos, que tem agradado aos consumidores. Entretanto, a empresa aponta o preço dos insumos como o principal desafio enfrentado neste ano.
Segmento de cafés enfrenta desafios
Em contrapartida, o setor de cafés foi o que enfrentou mais dificuldades. “A safra do café não foi boa. Então, houve altas consecutivas dos preços, e isso assustou um pouco. Fez com que as pessoas mudassem de hábitos e reduzissem o consumo”, explicou.
Juliane Maciel, da Oitenta Cafés Especiais, comenta os desafios que a indústria cafeeira enfrentou neste ano. “Foi uma combinação de fatores climáticos com fatores econômicos”, pontua. Ela ressalta a pior seca dos últimos 70 anos, que afetou drasticamente a produção de café no País e reduziu a oferta do produto no mercado.
“O Vietnã, que vem logo depois do Brasil como segundo maior produtor de café do mundo, também sofreu com condições climáticas adversas, agravando a escassez dos grãos robusta, que teoricamente é um grão diferente e de qualidade aquém do arábica. Então, fomos afetados de todos os lados”, completou.
De acordo com ela, os preços no final do terceiro trimestre chegaram a subir quase 20%. “Essa alta pode ter impactado grande parte da cadeia produtiva, desde os produtores até os consumidores finais”, conta Juliane Maciel.
Entretanto, na empresa dela, as sacas já haviam sido garantidas e não houve grandes mudanças de estrutura, processos ou preços. A empresária acredita que poderá sofrer a “dor no bolso” na próxima leva.
Ouça a rádio de Minas