Indústria de cerâmica de Minas Gerais recua 10% no primeiro semestre

O setor da indústria de cerâmica estima fechar o ano com queda de 10% na comparação com 2024. A demanda do primeiro semestre foi fraca e o cenário não deve mudar até o final do ano, conforme alega o presidente Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção e Olaria no Estado de Minas Gerais (Sindicer-MG), Ralph Perrupato.
Segundo o presidente, uma soma de fatores tem contribuído para o pior desempenho do setor este ano. No primeiro semestre, a demanda recuou e o desempenho foi pior que em 2024. “O ano passado já não foi bom, então, você cair cerca de 10%, em cima de um ano que já não tinha sido bom, é muita coisa”, diz.

O principal motivo para a queda na visão de Perrupato são as altas taxas de juros, que segundo ele enfraquecem a procura pela casa própria e os investimentos na construção civil. “O investidor acaba preferindo deixar o dinheiro rendendo em aplicações a construir”, observa.
Outro fator que têm contribuído para um pior desempenho na análise do presidente do Sindicer é a falta de mão de obra que leva as construtoras a fazerem uso dos pré-fabricados, como as paredes de concreto. Elas eliminam a necessidade do trabalhador, que precisaria assentar tijolo a tijolo, mas acaba prejudicando a produção do setor de cerâmicas. “Não é nem por causa do custo que isso acontece, a qualidade dos pré-fabricados é até inferior, mas a falta de mão de obra está levando a isso. Não se consegue gente para trabalhar na construção civil”, diz .
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Segundo o presidente, os materiais alternativos, como as variações do plástico, o isopor ou até o gesso, são soluções desfavoráveis ao meio ambiente e prejudicam a qualidade de vida das pessoas. “Alguns tipos de material deixam o ambiente mais quente”, explica.
Mudanças no Minha Casa Mina Vida devem impactar o setor no ano que vem
O programa habitacional do governo Minha Casa, Minha Vida (MCMV) era uma esperança para este ano, já que em 2023, o governo retomou com novas regras e práticas. Porém as faixas que mais usam os pré-fabricados são justamente a 2 e a 3 (de rendas que variam de R$ 2,8 mil a R$ 8 mil mensais).
A liberação da faixa 4 no mês de maio deste ano, que passa a contemplar também famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, pode contribuir com a retomada do setor, mas a longo prazo. “Como saiu agora, só deve refletir ano que vem”, calcula Perrupato.
Outro ponto que o Ralph Perrupato ressalta como negativo para o setor este ano, foi o aumento das taxas cartoriais. Desde março, os custos aumentaram até 200% para imóveis populares e até 900% para os de alto padrão. “As taxas cartoriais e os juros contribuíram muito”, avalia.
Para superar este momento, o presidente do Sindicer avalia que é preciso melhorar a confiança na economia brasileira. “É preciso que o governo diminua os gastos, o Banco Central reduza os juros para ampliar esta confiança, tanto dos empresários brasileiros quanto dos estrangeiros. O setor é carente de moradia. Há uma defasagem muito grande e tem espaço para crescer. Num cenário mais confiante, o investimento chega rápido”, diz.
Ouça a rádio de Minas