Economia

Indústria de eletrônicos apresenta recuo em MG

Em MG, queda em janeiro já era esperada, segundo Abinee
Indústria de eletrônicos apresenta recuo em MG
Crédito: Gilson Abreu / Fiesp

A indústria de aparelhos elétricos, eletrônicos e similares de Minas Gerais iniciou o ano enfrentando desafios. A demanda pelos produtos está menor que a registrada nos últimos meses de 2022, porém, na comparação com igual mês do ano passado, o desempenho é mais favorável.

Além das incertezas políticas e econômicas, interferem no desempenho da indústria de eletrônicos a falta de alguns microcomponentes eletrônicos, como os chips. No ano passado, o setor cresceu entre 3% e 4% em Minas Gerais.

Em nível nacional, conforme os dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a indústria eletroeletrônica encerrou 2022 com faturamento de R$ 220,4 bilhões, o que representa crescimento nominal de 4% na comparação com 2021.

Descontada a inflação, houve queda de 2% no faturamento do setor. A produção física do setor apresentou queda de 4% em 2022 em relação ao ano anterior.

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Assim como nos anos passados, impactaram no desempenho do setor as dificuldades na aquisição de semicondutores em razão de lockdowns na China e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado de Minas Gerais (Sinaees-MG) e diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Alexandre Magno D’assunção Freitas, a queda no desempenho em janeiro frente aos últimos meses do ano passado já era esperada. 

“Nós estamos identificando um desaceleramento na produção industrial do setor frente ao final de 2022, mas já era esperado. Os fatores são muitos e, ainda, não é possível falar como será 2023. Não temos números porque nós precisamos entender como o mercado vai responder às novas políticas do governo, ao aumento de tributos e à taxa de juros. Precisamos de uma maior definição para poder traçar uma perspectiva”.

Apesar da queda frente a dezembro, Freitas explica que, na comparação com janeiro de 2022, a demanda está maior. “Ainda estamos sem os números, mas nossa percepção é que tivemos um crescimento bem considerável”.

No início do ano passado, o setor ainda era impactado pelas medidas de contenção à Covid-19 e a falta de insumos, como os componentes eletrônicos, era maior.  

“Apesar de estarmos com uma oferta melhor que a do início de 2022, os insumos continuam em falta. Ainda não foi possível restabelecer 100%. É importante lembrar que mais de 70% dos insumos do setor de eletrônicos são importados. O reflexo e a falta de matéria-prima desde 2020 ainda persistem em 2023. Acreditamos que a situação pode se equilibrar em dois ou três meses. Isso é importante para que a indústria continue crescendo e investindo”.

Em relação ao desempenho em 2023, as estimativas ainda são cautelosas. “Ainda estamos sem uma visão completa por estarmos no início de um novo governo e precisamos aguardar para ver reflexo das decisões no  segmento. Esperamos manter a taxa de crescimento dos últimos anos, mas a situação ainda é nebulosa”.

A nível nacional, conforme dados da Abinee, a tendência é que a indústria eletroeletrônica apresente resultados mais discretos. O faturamento do setor deverá somar R$ 231 bilhões em 2023, o que representa crescimento de 5% em relação a 2022. Descontando a inflação do setor projetada em 5%, a indústria deverá ficar estável em 2023.

Ainda podem impactar de forma negativa nos resultados do setor a inflação e os juros altos, os quais afetam de forma negativa o poder de compras dos consumidores. Além disso, a alta dos combustíveis, com a volta da cobrança de impostos, também pode impactar. 

Para que o setor continue apresentando resultados positivos, segundo Freitas, é necessário que o governo federal faça as reformas necessárias. 

“A reforma tributária é  fundamental para o setor se desenvolver. Também seguimos na expectativa da reforma administrativa. Elas são fundamentais para retomar o crescimento do setor,  e da industria”, concluiu Freitas. 

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