Indústria de Minas interrompe quedas e volta a crescer

Depois de cinco meses de queda, a produção da indústria mineira voltou a crescer em novembro de 2021. Em relação a outubro do mesmo ano, na série com ajuste sazonal, foi observada elevação de 0,8%, enquanto a produção industrial nacional mostrou variação negativa de 0,2%, para o mesmo período de comparação. Frente a igual intervalo de 2020 houve baixa de 0,6%. Com isso, o parque industrial do Estado acumulou alta de 10,9% entre janeiro e novembro do ano passado sobre o exercício anterior. Já nos últimos 12 meses até novembro, o índice avançou 11,4%.
Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês, o destaque ficou por conta da indústria da transformação, com destaque para o setor máquinas e equipamentos, automotivo e metalurgia. No acumulado do ano, a indústria extrativa também teve destaque.
De acordo com o analista do IBGE, Bernardo Monteiro de Almeida, a perda de ritmo da indústria como um todo pode ser atribuída a diferentes fatores, como a escassez de matérias-primas, o encarecimento do custo de produção e a própria desaceleração da demanda, a partir do menor consumo por parte das famílias.
“Essa combinação de fatores recai diretamente sobre a cadeia produtiva. No mês, em Minas, ainda tivemos um desempenho positivo, puxado por setores como máquinas e equipamentos, automotivo e metalurgia. O movimento, que ficou na contramão do País, se deve à diversificação”, avalia.
Apesar de o IBGE não trabalhar com previsões, o analista afirma que, por se tratar do penúltimo balanço do ano, é possível dizer que, para o encerramento de 2021, a indústria ainda dá sinais de manutenção do cenário. “O ritmo vai seguir cauteloso e lento”, resume.
O analista de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Marcos Marçal, também lembra que a indústria está sendo afetada pela inflação elevada, uma vez que reduz o poder de compra das famílias. E admite que parte deste arrefecimento já era esperado no segundo semestre de 2021, em função da mudança no comportamento dos consumidores.
“Com o avanço da vacinação e o maior afrouxamento das medidas de distanciamento social no combate à Covid-19, era natural que as pessoas voltassem seus consumos aos serviços, como viagens, cinemas e eventos”, explica.
Em relação aos próximos meses, Marçal diz que no curto prazo, a produção da indústria mineira possivelmente virá com o reflexo das chuvas que afetaram o Estado em dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Já no médio e longo prazos, os efeitos devem vir principalmente das dificuldades na cadeia de oferta, a partir não apenas da falta de insumos, mas também do aumento dos preços.
“A inflação elevada é algo que ainda prejudica o lado da demanda, enquanto o aumento da Selic (taxa de juros) afeta o segmento industrial. Se por um lado temos alguns setores com expectativa de melhoria na oferta, conseguindo recompor os estoques, como o automotivo, por outro, o aumento da taxa de juros acaba afetando o desempenho da indústria em geral”, diz.
Desempenho dos setores da indústria mineira
Minas Gerais apresentou avanço em apenas cinco das 13 atividades avaliadas em novembro de 2021 sobre o mesmo mês de 2020. Os principais recuos foram observados na fabricação de produtos de outros produtos químicos (-25,9%), fabricação de produtos têxteis (-11,6%) e de celulose, papel e outros produtos de papel (-9,8%).
Por outro lado, os maiores ocorreram na fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (15,6%) e fabricação de máquinas e equipamentos (14%).
Com isso, no acumulado do ano, período em que a produção industrial mineira ainda cresce 10,9% sobre o exercício anterior, as maiores elevações vieram da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (49,2%) e fabricação de máquinas e equipamentos (42,6%). A baixa mais robusta ocorreu na fabricação de outros produtos químicos (-18,7%).
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