Economia

Indústria de plásticos sofre com inflação e prevê aperto neste ano

Indústria de plásticos sofre com inflação e prevê aperto neste ano
Crédito: Divulgação

De um para-choque de carro à sacolinha de supermercado e do celular ao computador, passando pelo frasco de soro nos leitos de hospitais e pelos tubos da construção civil, o plástico está presente em praticamente todas as cadeias de produção, inclusive a de embalagens do agronegócio. Em Minas Gerais, a indústria transforma o plástico em 600 empresas reunidas no Simplast-MG, o sindicato patronal da categoria. Um parque industrial que sofreu muito com a pandemia e ainda tem muita adversidade pela frente, prevê a presidente do sindicato, Ivana Braga.

“O sentimento geral é de que 2022 vai ser um ano difícil. Durante a pandemia, houve injeção de dinheiro público, que girou a economia. Hoje, esse dinheiro é menor e vale menos”, analisa a dirigente sindical. Segundo ela, de 2020 para cá, a indústria do plástico produz a mesma coisa, mas fatura menos. “A inflação agora colhe a margem de quem está trabalhando”.

Segundo ela, foram dois anos de desabastecimento do mercado, nos quais muitas plantas deixaram de funcionar. A indústria do plástico tem como principal insumo um subproduto do petróleo, a resina. No Brasil, sua produção é monopólio da Braskem, empresa que produz polietileno, polipropileno e policloreto de vinila.

A exemplo dos combustíveis, essas resinas seguem o preço do mercado internacional, que, durante a pandemia, demandou como nunca embalagens e descartáveis, seja para produtos de limpeza ou para máscaras e roupas hospitalares.

Com tanta demanda, as resinas tiveram um reajuste de 45% em 2021. Durante toda a pandemia, ele passou de 80%. Um custo que foi repassado pela indústria, “no peito e na raça”, diz Ivana. “Afinal, o mercado não podia ficar sem a bolsinha de soro ou a garrafinha para o álcool em gel”, explica.

E quando a situação mostrou certa estabilidade em 2021, a inflação e a alta dos juros provocaram a retração do consumo geral, que se reflete diretamente na indústria do plástico e vem aumentando desde novembro do ano passado.

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“Com a perda de poder aquisitivo, as pessoas estão pisando no freio e reduzindo gastos. Elas pensam duas vezes antes de comprar uma TV ou geladeira, que têm plástico em vários de seus componentes”, explica a dirigente.

Mesmo indiretamente, esse custo chega à mesa do consumidor, ao aumentar o preço da embalagem plástica que envolve tanto o arroz quanto o feijão. Ou o recipiente de plástico que embala o óleo de cozinha. O aumento dos juros atinge diretamente setores como a construção civil, que vende menos casas, contrata menos e com isso contribui para a redução do poder aquisitivo e, consequentemente, do consumo.

Com a retração, hoje o mercado está abastecido, mas o produto é caro. E com a guerra na Ucrânia – e o consequente aumento dos derivados do petróleo – o preço pode subir ainda mais. “A oferta está maior que a demanda. Tem muita gente baixando o preço para vender o estoque, mas, na hora de repor, vai ter que pagar o valor de mercado”, lamenta Ivana Braga.  

Ela está animada com a redução de 25% na alíquota do IPI, anunciada pelo Ministério da Economia. Segundo ela, 70% das empresas do setor são de pequeno porte e o imposto é um custo importante para elas, que é repassado ao produto. “Reduzir custo é fator de competitividade, então esta é uma boa notícia para a indústria de transformação do plástico”, comemora a presidente do Simplast-MG.

Reciclagem

A implementação da economia circular na cadeia produtiva é prioridade da indústria do plástico. Entre outras correções de rumo, ela exige novas aplicabilidades do material plástico, que devem agregar maior valor aos transformados e requerem novas tecnologias, processos e modelos de negócio.

Uma consequência direta da pandemia está na necessidade de embalagens que evitem o manuseio direto, como sacos de plástico para pães doces ou a caixinha transparente das frutas. “Neste momento, todo mundo diz que o plástico polui. Mas o plástico não tem perna, não anda. Quem polui é o homem, que tem que aprender a usá-lo”, diz Ivana Braga, cuja empresa transforma plástico reciclado em tubos para irrigação e fiação.

“O País tem uma política nacional de resíduos sólidos, mas os municípios não cumprem. É preciso descartar corretamente e promover o aproveitamento do material reciclável, atividade que gera renda e quantidade significativa de empregos”, conclui.


O desafio da Segurança Energética
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O que é Segurança Energética?

São medidas adotadas para evitar a falta do abastecimento de energia, provocada por fatores como a escassez hídrica e até mesmo dificuldades inerentes aos tipos de fornecimento. Associada a essas medidas está a segurança na disponibilidade de energia adequada, de qualidade e a preços acessíveis.

Quais os próximos eventos sobre Segurança Energética?

“O desafio da Segurança Energética” é um evento on-line gratuito que ocorrerá no dia 16 de março de 2022, a partir das 10h, com transmissão via plataforma Youtube. Na ocasião, profissionais qualificados e renomados do setor discutirão sobre os caminhos a serem percorridos para garantir o fornecimento de energia elétrica seguro.

A Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) é a instituição realizadora do evento, que tem correalização do jornal Diário do Comércio — veículo de imprensa de Minas Gerais quase centenário e especializado em economia, gestão e negócios.

Evento sobre energia elétrica
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