Indústria de produtos de limpeza revisa para baixo projeção de crescimento

O aumento dos custos de produção e da inflação aliados à dificuldade de repassar as altas para o mercado fizeram com que a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla) revisasse para baixo as expectativas de crescimento para o setor em 2021. A previsão inicial era de que a produção de saneantes crescesse entre 3% e 3,5% em 2021, agora, a entidade estima um incremento de 2% no período.
Minas Gerais é considerado um mercado extremamente interessante para o setor de limpeza. Assim como no País, as empresas também sentiram os impactos da alta de custo. O Estado é um dos grandes players do País, ocupando o segundo lugar, atrás de São Paulo. São mais de 700 fábricas em Minas, de pequeno a grande porte e bem pulverizadas pelo Estado.
De acordo com o diretor-executivo da Abipla, Paulo Engler, o setor resolveu revisar as estimativas de crescimento da produção após resultados aquém do esperado ao longo de 2021.
“Estamos acompanhando nosso nível de produção e estávamos mantendo a projeção. De janeiro a maio, tivemos um crescimento da produção de 1% a 2% se comparado com os anos anteriores e estávamos otimistas. Porém, entre junho e agosto, tivemos uma queda importante no nível de produção, fazendo com que o crescimento acumulado fosse perdido. Ficamos com zero de aumento se comparado com 2019”.
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Diante dos resultados e dos desafios do mercado, o setor estima um crescimento menor para 2021. “Sem dúvida alguma, o aumento da inflação impacta o mercado e isto afeta nosso setor uma vez que nossos produtos são muito sensíveis por terem preços mais acessíveis e serem de consumo massivo. Então, a inflação alta para nós é muito difícil”.
Custos elevados
Além do aumento da inflação, os custos com matérias-primas e transporte também subiram, o que também afeta o ritmo de produção do setor de limpeza. Entre as matérias-primas, foram verificadas altas desde os insumos utilizados na fabricação até nas embalagens plásticas e papelão.
“Estamos com um elevado custo de matéria-prima, em especial, por causa do real desvalorizado frente ao dólar. Nosso setor tem importações muito relevantes. Também enfrentamos o aumento da energia elétrica, que é crucial”, disse Paulo Engler.
Outros custos que pesam na produção do setor são os combustíveis. Também afetam o setor as consecutivas altas das taxas de juros.
“O aumento da cotação do diesel fez com que o preço do frete aumentasse. Como grande parte dos nossos produtos de higiene e limpeza têm preços baratos, o transporte pode ficar mais caro que a carga”, destacou.
Por serem produtos de menor valor agregado e consumo massivo, o setor não tem conseguido repassar os custos para o mercado final, fator que também contribuiu para a revisão dos resultados.
“Estamos com os mesmos níveis de produção de 2019. Os preços dos itens do nosso setor de limpeza vêm se mantendo. Avaliando a cesta básica e a inflação, o grupo de produtos de limpeza subiu abaixo da inflação. Não conseguimos repassar a alta por causa da falta de renda. Pelo menos, a população está sendo abastecida normalmente”, disse.
Para enfrentar os desafios do mercado e minimizar os impactos da alta dos custos, as empresas têm mantido a produção em dois turnos, sem produção extra e terceiro turno como acontecia antes da pandemia. A movimentação é considerada essencial para a manutenção dos empregos.
Além disso, houve diversificação dos canais de venda e de distribuição, com as marcas comercializando mais nos canais on-line.
“Nosso setor não usava, até 2019, os canais on-line. Mas a participação cresceu e tem ajudado bastante a indústria de sanitizantes. Informações preliminares mostram que as vendas nestes canais estavam abaixo de 1% em 2019 e, este ano, já representam cerca de 8% das vendas”, explicou Engler.
Mesmo com a revisão dos resultados para baixo, o setor vai encerrar 2021 com crescimento e segue otimista para 2022, quando a alta poderá ser maior.
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