Economia

Indústria do vestuário não está otimista com o Dia das Mães

Vendas não alcançam objetivos e estão aquém do esperado, segundo Sindivest-MG; 1º bimestre foi de retração de 1,1%
Indústria do vestuário não está otimista com o Dia das Mães
Grandes desafios para setor do vestuário este ano ainda são a entrada de produtos estrangeiros, com os quais o setor sofre concorrência desleal; e a taxa de juros, apesar dos últimos cortes | Crédito: Reprodução / AdobeStock_

O cenário para o setor de vestuário em Minas Gerais não é dos mais otimistas para este Dia das Mães, com as vendas sem alcançar os objetivos e mantendo-se aquém do esperado. É o que afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest-MG), Rogério Vasconcellos. O setor em Minas Gerais apresentou retração de 1,1% no primeiro bimestre de 2024 na demanda por itens de vestuário e acessórios, com o volume de vendas no varejo da moda (que engloba tecidos, vestuário e calçados) caindo. Porém, a queda foi menos intensa se comparada ao recuo de 8% observado no mesmo período do ano anterior.

No Brasil, as vendas no varejo ficaram estáveis nos dois primeiros meses de 2024. Assim como no Estado, o resultado no País também foi mais favorável em relação a igual período de 2023, quando houve recuo de 3,3% nas vendas de vestuário e acessórios. “O comércio vem se recuperando aos poucos, mas ainda não conseguiu se recuperar totalmente desde a pandemia e as vendas de vestuários para o Dia das Mães ainda estão ocorrendo. Vivemos em um período que o governo federal não nos dá segurança na economia, para a realização de investimentos, e com o Supremo Tribunal Federal (STF) atualmente, não temos segurança jurídica”, avaliou o dirigente.

A produção física do setor de vestuário no Brasil apresentou queda de 1,5% no primeiro bimestre de 2024, retração também menos intensa se comparada à do mesmo período de 2023, que foi 9,8% negativa. Segundo o dirigente, o setor vem enfrentando forte concorrência desleal com a importação de bens de pequeno valor. De acordo com dados da Receita Federal e do Banco Central, em 2023, o Brasil recebeu mais de 207,8 milhões de encomendas de baixo valor, somando mais de US$ 10 bilhões. Em 2022, o País havia recebido 176,3 milhões desse tipo de encomenda, com um total estimado de US$ 13,1 bilhões em valor importado.

“O governo ao não taxar os produtos importados de até US$ 50 tem atrapalhado bastante o desenvolvimento da indústria nacional e, enquanto não tivermos segurança econômica e jurídica, o setor de vestuário de Minas Gerais não terá como melhorar. Estamos tentando sobreviver e espero mesmo que o cenário melhore de agora em diante, mas ainda não dá para acreditar no jeito que o governo vem lidando com as situações e, principalmente, com essas interferências do STF”, avaliou.

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Os grandes desafios do setor de vestuário neste ano ainda são a entrada desses produtos estrangeiros, com os quais o setor sofre concorrência desleal, e a taxa de juros, apesar dos últimos cortes promovidos pelo Banco Central, que continuam restringindo o consumo e o investimento, impondo, assim, dificuldades às finanças das empresas. “Aguardamos a sensibilização dos governos quanto à necessidade da implementação de políticas públicas que possibilitem investir com segurança e acreditar novamente no crescimento do país. Não dá para ser nem otimista nem pessimista. A indústria está dando um passo de cada vez”, disse o dirigente.

Com o mercado de trabalho aquecido, o aumento da massa de rendimentos e os gastos públicos em patamar elevado devem continuar contribuindo para o avanço do consumo na indústria de vestuário para o Dia das Mães. Porém, a concorrência desleal de produtos importados e os desafios relacionados às mudanças climáticas podem impor dificuldades ao planejamento de vendas ao longo do ano, projetou Vasconcelos.

Minas Gerais conta com 5.426 empresas do setor de vestuário (dado de 2022), representando 12,8% das empresas no Brasil (42.472 empresas). O setor em Minas Gerais conta com mais de 61,7 mil trabalhadores com carteira assinada, representando 11,3% dos trabalhadores da atividade de vestuário no Brasil (555,7 mil pessoas) e 4,8% dos trabalhadores da indústria total no Estado (1,3 milhão de pessoas).

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