Impulsionada por exportações, indústria eletroeletrônica movimenta R$ 27 bilhões em Minas
Com forte tradição produtiva, a indústria eletroeletrônica finaliza 2025 com faturamento de aproximadamente R$ 27 bilhões em Minas Gerais. O resultado consolidada o Estado como o terceiro maior player do País, abrigando importantes marcas, especialmente na produção de equipamentos elétricos.
Os dados foram apresentados na quarta-feira (10), durante encontro com lideranças empresariais em Belo Horizonte. O desempenho, avaliado como acima das expectativas, reflete a conquista de novos mercados e a robustez da linha de equipamentos.
Presente no evento, o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Borbato, comenta que o resultado do ano é surpreendente. “Percebemos que, embora o empresário ainda não esteja tão confiante, os indicadores vieram melhores do que esperávamos”, ressalta.
Ao longo do ano, as exportações apresentaram um papel fundamental para o dinamismo da indústria de eletroeletrônicos em Minas Gerais. Ao todo, foram US$ 610 milhões gerados pelas vendas externas, correspondendo por 8% dos embarques nacionais do setor.
“Minas tem uma vocação exportadora muito forte. Nosso desafio é continuar ganhando competitividade apesar do ‘custo Brasil’, que ainda nos impõe limitações”, explica o dirigente.
Com a força de mercado dos smartphones, a telefonia é um dos destaques do mercado interno, com desempenho dentro das expectativas durante o ano. O setor elétrico também obteve destaque, especialmente com a comercialização em Minas Gerais.
Apesar dos números robustos, a indústria ainda opera com margem para expansão. Atualmente, as fábricas trabalham com 78% da capacidade instalada e empregam 28 mil pessoas de forma direta em Minas Gerais, correspondendo por 10% do setor. “Acreditamos que ainda podemos crescer mais, aproveitando que não existe setor mais inovador do que este”, afirma Borbato.
Juros elevados afetam demanda
A expansão do mercado da indústria eletroeletrônica só não foi mais expressiva devido ao contexto econômico nacional, marcado pela elevada taxa de juros, que afeta o consumo de equipamentos. Segundo o dirigente, embora não seja grande tomadora de crédito, a categoria é impactada pela redução na demanda da população.
“O consumidor que depende do crédito sente diretamente o peso da Selic. Se eleva a taxa para 15%, naturalmente reduz a demanda. Com juros menores, estaríamos vendendo muito mais”, comenta Borbato.
Para o dirigente, o grande desafio passa por um melhor controle fiscal do governo federal após a inflação entrar em patamares aceitáveis. Por outro lado, o recuo do dólar nos últimos meses trouxe alívio. Como o setor depende consideravelmente de insumos importados, o câmbio favorável permitiu recuperar margens e ocupação de mercado, melhorando o desempenho final do ano.
Para 2026, expectativa é avançar 3% em faturamento
Marcado por feriados prolongados, eleições e a Copa do Mundo, 2026 promete ser um ano desafiador para a indústria de eletrônicos. Por um lado, o setor espera ampliar a venda de itens como TVs, embalados pelo maior evento televisionado do mundo. Em contrapartida, feriados e eleições tendem a diminuir o ritmo de compras e, consequentemente, de produção.
Ainda assim, as expectativas seguem otimistas. O setor projeta um crescimento real (já descontada a inflação) de 3% para o próximo ano, um ritmo ligeiramente abaixo dos 4% registrados em 2025. No consolidado nacional deste ano, o faturamento da indústria eletroeletrônica alcançou a marca de R$ 270 bilhões.
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