Economia

Indústria eletrônica de Minas projeta alta de 7% em 2025, mas teme impactos do tarifaço

Presidente do Sinaees aponta crescimento no primeiro semestre, mas alerta para incertezas em exportações de transformadores e cabos, além de cenário regulatório
Indústria eletrônica de Minas projeta alta de 7% em 2025, mas teme impactos do tarifaço
Foto: Adobe Stock

A indústria eletrônica de Minas Gerais espera fechar o ano com crescimento de 7%. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Minas Gerais (Sinaees), Tasso Galhardo, o primeiro semestre foi muito positivo e, apesar do “baque” inicial no segundo semestre, causado pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o resultado de 2025 deve ser positivo.

O sindicato reúne uma ampla gama de empresas, que vão da indústria eletrônica de equipamentos de automação e microcontroladores à indústria elétrica, com fabricantes de transformadores, cabos e linha branca. Dessa forma, segundo Galhardo, o panorama varia entre os segmentos.

É o caso da indústria de transformadores. “O segmento está em standby neste segundo semestre, já que ainda não há definição sobre as tarifas entre Brasil e Estados Unidos”, explicou o presidente do sindicato.

Com uma base forte de associados, o Sinaees representa diversos exportadores que ficaram fora da lista de isenções do tarifaço. “Os pedidos já feitos foram concluídos; entretanto, os próximos são motivo de preocupação. A emissão de pedidos de compra já reduziu bastante”, disse Galhardo.

Segundo ele, os transformadores a partir de 10 MVA (megavolt-ampère), que representam um setor relevante para Minas em termos de faturamento, ficaram fora das isenções.

“Esse segmento tem perspectiva positiva de exportações para o mercado norte-americano, mas enfrenta grande indefinição entre os compradores, que ainda não sabem o que vai acontecer. A competição está ficando desequilibrada: fabricantes da China, Turquia e até da Argentina têm tarifas bem menores que as do Brasil”, salientou.

O presidente lembra que outro segmento afetado é o de cabos: “Eles também foram bastante atingidos, e há associados tentando resolver o problema por meio de relações institucionais”.

Apesar da perspectiva positiva, futuro é incerto

Na análise de Tasso Galhardo, o futuro de alguns setores é incerto. “Houve retração no setor de geração de energia devido ao excesso de conexões de usinas na rede, o que pode gerar impacto técnico no próximo ano. Esse impacto ainda não é mensurável, mas pode haver retração ou deslocamento de fornecimentos para outros setores”, avaliou.

Para ele, houve forte crescimento da matriz de geração renovável no Brasil, e as distribuidoras têm atuado para conter esse avanço a fim de preservar a rede: “Esse crescimento impulsionou a cadeia de suprimentos, como transformadores, painéis elétricos, automação e cabos. Porém, em função da regulação, é esperada retração e mudança nesse mercado no próximo ano, o que pode afetar nossos segmentos”.

Por outro lado, Galhardo acredita que as eleições de 2026 podem impulsionar o setor, mas avalia a situação com cautela.

“Em ano eleitoral, normalmente há mais investimentos, mas também há grande incerteza econômica, interna e externa, que pode inibir os aportes. O cenário ainda está nebuloso para previsões”, concluiu.

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