Indústria fecha 2021 com alta de 25,2% no faturamento em Minas

Depois de amargar prejuízo em 2019 e apurar estabilidade em 2020, a indústria mineira encerrou 2021 com crescimento de 25,2% no faturamento. O avanço da vacinação contra a Covid-19 e a maior flexibilização das medidas de distanciamento social fomentaram o desempenho do setor. Entretanto, já é esperado um movimento de desaceleração para os próximos meses, em função do menor ritmo de crescimento da economia mundial – especialmente da China.
Gargalos do mercado interno também deverão contribuir para a piora do setor: restrição da oferta de insumos e matérias-primas, alta da inflação e do desemprego, bem como as incertezas em relação ao cenário político.
Os dados são da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), divulgada pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), e segundo a analista de estudos econômicos da entidade, Júlia Silper, foram impulsionados pelo crescimento observado no último mês de 2021, quando foi apurado acréscimo de 2,1% no faturamento, puxado principalmente pelo desempenho da indústria de transformação, em decorrência do crescimento das vendas para os mercados interno e externo e da elevação dos preços de venda em diversos setores.
Já na indústria extrativa, foi registrada queda de 18,8% nas receitas em decorrência da redução nas exportações – o que a analista classificou como “ponto fora da curva”. “Quando olhamos o fechamento do ano, o setor apresenta crescimento de 124,9%. O decréscimo no fim do ano passado ocorreu mesmo em função do menor ritmo de crescimento global, que deverá permanecer por 2022”, opina.
Com o desempenho, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria mineira marcou 78,1% em dezembro e chegou a 82,6% no acumulado de 2021 – atingindo a média histórica do setor.
O emprego também avançou: 5,2% no acumulado de 2021, justificado pela expansão nos dois segmentos da indústria: extrativo (8,4%) e de transformação (4,8%). Neste caso, Júlia Silper lembra que a reedição de medidas como o Programa de Manutenção do Emprego e da Renda também contribuiu para a mitigação dos impactos econômicos negativos da pandemia.
Além disso, as horas trabalhadas aumentaram 8% no acumulado ano frente a 2020, com elevações de 9,7% na indústria extrativa e 7,8% na de transformação.
A massa salarial ficou praticamente estável em relação ao exercício anterior e o rendimento médio teve queda de 4,9%, justificada pelo decréscimo de 6,5% na indústria de transformação.
Sobre os próximos meses, a analista da Fiemg ressaltou que o desaquecimento econômico global deverá ser um ponto de atenção, assim como questões nacionais como a restrição da oferta de insumos e matérias-primas, a inflação e o desemprego em patamares elevados e as incertezas com relação ao cenário político. “Tudo isso afeta as decisões de investimentos e deve atrapalhar o desempenho da indústria em 2022”, alertou.
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