Fabricantes de produtos de limpeza projetam movimentação superior a R$ 7 bilhões em Minas Gerais

A indústria de limpeza segue apresentando bons resultados no cenário nacional, incluindo em Minas Gerais. Após movimentar entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões no ano passado, o setor, no Estado, projeta encerrar 2024 com crescimento próximo a 5% na comparação com o exercício passado.
A estimativa foi divulgada pelo diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), Paulo Engler. Com cerca de 700 fábricas, Engler destaca que o Estado atualmente é o segundo maior produtor de limpeza do Brasil, atrás apenas de São Paulo – e juntos correspondem a 50% da produção nacional.
Nos últimos três anos, o Estado avançou consideravelmente em produção, com destaque para a inauguração de três grandes fábricas, sendo duas na cidade de Itajubá, Sul de Minas. “Vivemos um momento de avanço nas fábricas tradicionais e de maturidade de produção dessas novas fábricas. Acredito que isso possa movimentar o mercado de fornecedores e atrair novos fabricantes”, afirma o diretor da Abipla.
No Brasil, o setor encerrou o primeiro semestre com avanços de 10,9% na produção física – índice superior ao crescimento geral da indústria (2,6%) no mesmo período. As informações foram apuradas com base nas informações da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O crescimento, segundo Engler, pode ser justificado por fatores macroeconômicos, como a queda no desemprego, a melhora substantiva na renda e a estabilidade em preços públicos, como energia elétrica e combustível. Ao analisar o cenário externo, ele cita que a estabilização dos preços internacionais de matéria-prima, que seguiam em crescimento, agora estão retornando para valores pré-pandemia.
“Acredito que o principal impulso para a alta seja a estabilização de preços de insumos e energia para os fabricantes, que conseguiram repassar a redução dos custos industriais ao consumidor”, analisa.
Aumento de impostos e alíquotas de importação podem afetar custos
Apesar dos avanços, a indústria de limpeza demonstra preocupação com relação a discussões relacionadas a importação de matérias-primas químicas. Segundo Engler, o governo federal, junto a entidades debatem a respeito da medida, que, se aprovada, poderá aumentar impostos e alíquotas de importação que podem afetar o custo ao consumidor final.
A discussão, segundo ele, divide parte da categoria, que busca pela aquisição de produtos com os melhores preços e ao mesmo tempo deseja fortalecer a compra no mercado nacional. “Parte das matérias-primas não são fabricadas no Brasil e quando é fabricada o preço é extremamente elevado. Hoje é mais barato eu trazer dos Estados Unidos do que comprar no polo químico de Uberlândia, por exemplo”, afirma.
Atualmente, Engler garante que a indústria de limpeza não repassa custos da inflação nos produtos finais em razão dos preços negociados no mercado externo. Conforme divulgado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a inflação dos produtos de limpeza se manteve negativa (-1,44%) no primeiro semestre – isso significa que os preços dos produtos nas prateleiras estão mais baixos do que no ano passado.
Outro desafio enfrentado pela categoria parte pelo combate à pirataria e misturas caseiras. “Estamos fazendo um trabalho de conscientização através de programas educativos em feiras, eventos e escolas, ensinando de forma lúdica para que as pessoas tomem conhecimento dos riscos”, detalha Paulo Engler.
Setor aposta em novos produtos e prevê encerrar o ano com movimentação superior a R$ 60 bilhões
Para o segundo semestre deste ano, a expectativa é que a indústria de limpeza cresça acima do Produto Interno Bruto (PIB), com avanços de 5%, encerrando 2024 com movimentação superior a R$ 60 bilhões. “Tivemos um movimento expressivo nos últimos dois anos e se nós conseguirmos melhorar a performance de vendas, em breve haverá novos investimentos, como novas fábricas”, afirma.
Em relação aos avanços recentes, Engler pontua que são resultados derivados da performance do mercado de distribuição e de um volume expressivo de lançamentos de produtos. No segmento de inovação, ele ressalta que a categoria prepara novidades com produtos mais eficientes e cada vez mais concentrados, o que afeta positivamente a logística reversa.
Um exemplo citado é o uso de produtos com micro-organismos viáveis, que aguarda liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil para desenvolvimento e comercialização. A proposta é que a indústria desenvolva novos produtos que ofereçam uma limpeza cada vez mais profunda e prolongada, penetrando nas superfícies e agindo por um determinado tempo.
Com relação aos empregos, a indústria de limpeza mensura exclusivamente o número de colaboradores na linha de produção. Segundo Engler, número de empregados no setor segue em evolução desde 2019 e hoje somam cerca de 93 mil empregados registrados com carteira assinada e crescimento anual entre 1% e 1,5%.
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