Economia

Indústria de Minas Gerais tem resultados acima do esperado

Bom desempenho do mercado de trabalho é um dos fatores que impulsionou o crescimento da indústria em 2024
Indústria de Minas Gerais tem resultados acima do esperado
Crédito: Leo Lara/Aestec

Os resultados da indústria mineira estão melhores que o esperado neste ano, aponta a economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Daniela Muniz. Em julho, o faturamento real do setor cresceu 8,8% na comparação com igual intervalo de 2023, de acordo com dados da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), divulgados nesta segunda-feira (9) pela entidade.

“O balanço deste ano é positivo”, frisa Daniela Muniz. Ela explica que o crescimento da indústria em 2024 é fruto de vários fatores, entre eles, o bom desempenho do mercado de trabalho, além dos reajustes salariais acima da inflação e o elevado nível de transferências de renda, que ajudaram a aumentar o consumo doméstico, bem como a expansão do crédito.

A economista da Fiemg ressalta que os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) confirmam o bom cenário do emprego em Minas neste ano.

Nos primeiros sete meses de 2024, o Estado criou 173,3 mil empregos com carteira assinada, o maior volume para esse intervalo desde 2021 (239,7 mil) – o montante também superou o resultado de todo o ano de 2023 (138,2 mil). Entre as unidades da Federação, Minas Gerais foi o segundo que mais gerou vagas, atrás de São Paulo (441,1 mil). Neste caso, os cinco setores analisados apresentaram saldos positivos, com a primeira posição ocupada pelo setor de serviços (79,7 mil), seguida pela indústria (29,5 mil).

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Ainda conforme o Index, houve crescimento de todas as variáveis pesquisadas na indústria de Minas Gerais – faturamento, emprego, massa salarial real, rendimento médio real e utilização da capacidade instalada – em julho deste ano frente ao mesmo mês de 2023, favorecido pela maior quantidade de dias úteis.

Faturamento positivo da indústria de Minas

No caso do faturamento real, o crescimento da indústria de Minas Gerais foi de 8,8% em julho ante igual mês do ano passado. Para esta variável, o resultado foi de alta em todas as comparações, com crescimento de 3,2% em julho na comparação com o mês anterior, impulsionado pela maior quantidade de pedidos na indústria de transformação. Foi a segunda alta consecutiva desse indicador. Nos acumulados do ano e dos últimos 12 meses, a expansão foi de 2% em ambos os casos.

O único recuo verificado na pesquisa da Fiemg foi o das horas trabalhadas na produção. A queda foi de 1,6% em julho na comparação com o mês anterior, devido à maior concentração de funcionários em férias, enquanto a utilização da capacidade instalada (UCI) ficou praticamente estável entre junho (82,7%) e julho (82,8%).

Nas demais comparações, as horas trabalhadas apresentaram alta, sendo de 5,5% em julho ante igual mês de 2023. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a elevação foi de 2,5% e nos últimos 12 meses, a expansão foi de 1,2%.   

Julho frente junho

Em relação aos indicadores do mercado de trabalho, o emprego na indústria de Minas Gerais mostrou um pequeno avanço de 0,3%, segundo a economista, influenciado pelas contratações realizadas no segmento extrativo mineral. A massa salarial também apresentou crescimento no mês, reflexo da elevação no pessoal empregado e do pagamento de gratificações e de adiantamentos do 13º salário. Dessa forma, o rendimento médio real subiu 1,5%.

No ano, a massa salarial real cresceu 4,7%. O crescimento também foi verificado no acumulado dos últimos 12 meses, com alta de 6,6%. Em julho deste ano frente a igual mês de 2023, a expansão foi de 4,1% e na comparação com junho, a elevação foi de 1,9%.

Resultados podem continuar positivos para a indústria de Minas, mas há sinais de alerta

Os fatores que ajudaram na expansão da indústria mineira durante os sete primeiros meses de 2024 devem continuar contribuindo para o bom desempenho da indústria de Minas nos próximos meses, segundo a economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Daniela Muniz. “O último resultado do PIB do País, por exemplo, surpreendeu e pode ser revisado para cima”, frisa.

Nesta segunda-feira (9), o Boletim Focus mostrou que o mercado financeiro elevou a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano, passando de 2,46% para 2,68%. A revisão de 0,22 ponto percentual para cima aconteceu após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) — que é a soma dos bens e serviços produzidos no País — do segundo trimestre do ano, que surpreendeu e subiu 1,4% em comparação ao primeiro trimestre. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com o segundo trimestre de 2023, a alta foi de 3,3%.

Entraves

No entanto, a economista da Fiemg alerta que alguns desafios podem limitar uma performance mais robusta da economia e da indústria de Minas Gerais, como a valorização do dólar em relação ao real ocorrida nos últimos meses que pressiona os custos, contribuindo para o aumento da inflação.

“Nesse cenário, o Banco Central já sinalizou a possibilidade de elevação da taxa básica de juros, a Selic. Agora, vale lembrar que o impacto não é imediato, seus efeitos levam tempo para serem sentidos na ponta”, observa.

No mesmo dia, o Boletim Focus mostrou que a elevação da taxa básica de juros voltou a ser esperada pelos analistas do mercado financeiro. A expectativa para taxa Selic em 2024 saltou de 10,5% para 11,25% ao ano. A Selic é uma das ferramentas do Banco Central para controlar a inflação. Ele aumenta a taxa para tentar segurar a escalada dos preços.

Outro ponto de atenção, conforme a economista da Fiemg, é a questão da sustentabilidade fiscal do País. “Continua sendo uma preocupação”, destaca.

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