Indústria mineira cresce menos em 2022
O dinamismo da indústria mineira levou o setor a crescer acima da média nacional nos últimos anos. Em 2022, porém, alguns fatores levarão o parque produtivo do Estado a um avanço menor que o restante do País. O desaquecimento econômico global, com impacto principalmente na exportação e nos preços das commodities, e burocracias para obtenção de licenciamentos estão entre eles.
As projeções da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) dão conta de que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor deve encerrar o ano com crescimento de 1,14%, enquanto a média nacional deverá chegar a 1,95%. Já para o próximo exercício, as estimativas são de uma evolução de 1,5% no Estado e de 0,2% no Brasil.
De acordo com o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, o movimento deste exercício vai na contramão do que ocorreu nos últimos anos. Ele explica que a indústria mineira sofre mais impactos do que a nacional quando o assunto é mercado externo.
“De maneira geral, setores voltados para exportação tiveram um desempenho inferior, em função da retração econômica mundial, enquanto as atividades direcionadas ao mercado interno foram melhores”, disse.
Segundo balanço apresentado pela entidade, a alta da indústria neste ano será puxada por energia e saneamento (9,8%) e pela construção (7%).
Já para 2023, os destaques serão: construção (4,02%), energia e saneamento (3,67%) e indústria extrativa (1,4%). Vale dizer que esta última, neste exercício, deverá ter queda de 0,36%.
Em relação ao PIB em geral do Estado, as projeções da entidade são de crescimento de 4,6% neste ano e de 1,3% em 2023.
Ao detalhar os desempenhos, o economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio, detalhou que a evolução em 2022 será impulsionada pela agropecuária. Outros setores, como a indústria extrativa e de transformação, vão sofrer uma queda de quase 1%.
Já para 2023, a instituição projeta que a economia mineira sofra uma desaceleração. “A performance dos serviços que irá impulsionar a atividade econômica em 2022 não terá a mesma força em 2023. Além disso, haverá um leve aumento na indústria”, disse o economista.
Cenário é incerto
Roscoe, por sua vez, falou sobre o cenário de incertezas que ainda paira sobre o novo governo federal e os efeitos que trarão para a economia como um todo. Segundo ele, embora ainda não haja impacto nos números, já houve redução de expectativa de investimento dos empresários.
“As primeiras decisões do governo deixam os setores muito apreensivos, todo mundo sem saber entender os fatos e que não estão indo na direção correta. Várias medidas fundamentais para o Brasil sair da crise melhor que outros países começam a ser abaladas. Houve uma mudança considerável do humor daqueles que investem. Todo mundo vai sentar e esperar. Grandes investimentos não vão parar, mas, um novo ciclo de expansão vai aguardar uma definição melhor da política econômica do próximo governo”, avaliou.
Mdic
Questionado sobre a escolha do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o dirigente industrial acenou com uma avaliação positiva. Para ele, o político tem boa relação com os empresários do setor e é experiente.
“É um homem público experimentado, governou São Paulo por quatro mandatos e fez boas gestões de maneira muito eficiente no Estado. Ele tem boa interlocução conosco, acho que com boa parte do segmento industrial. Então eu acho que é um bom nome, detém prestígio junto ao governo, é vice-presidente da República, acredito que vai ser positivo para o setor de Indústria e Comércio”, disse.
Roscoe também revelou que ligaria nesta quinta-feira para o novo ministro. “A gente imediatamente vai entrar em contato com ele para parabenizá-lo”, adiantou.
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