Economia

Indústria de Minas Gerais desacelera e deve crescer 1,6% em 2025, aponta Fiemg

Fiemg projeta desaceleração da atividade industrial em Minas Gerais, com impacto no PIB estadual e perspectivas moderadas para os próximos anos
Indústria de Minas Gerais desacelera e deve crescer 1,6% em 2025, aponta Fiemg
Foto: Divulgação/CNI

A indústria de Minas Gerais vai fechar o ano de 2025 com desaceleração das atividades econômicas industriais. Apesar dos resultados positivos, os números devem fechar aquém da projeção. De acordo com dados da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), o crescimento esperado da produção da indústria mineira é de 1,6%, próximo ao índice nacional, de 1,5%. Em 2026, a indústria mineira deve continuar crescendo, mas também em um ritmo ainda menor. A estimativa aponta para uma expansão de 1,4%, enquanto, em nível nacional, o incremento deve ser de 1,3%.

O resultado do setor industrial vai contribuir para que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado encerre o ano com crescimento de 2%, estimativa próxima à projetada pela entidade para o País, de 2,3%, abaixo dos 3,4% registrados em 2024, evidenciando a perda de dinamismo do setor. Os dados são do relatório Balanço Anual e Perspectivas 2025, produzido pela Gerência de Economia da Fiemg, e indicam a continuidade da desaceleração das economias em 2026.

Todos os segmentos da indústria deverão registrar desaceleração em Minas Gerais, apesar dos resultados positivos em 2025. De acordo com a Fiemg, os serviços industriais de energia e saneamento (2,1%) e a indústria extrativa (1,9%) devem fechar o ano com as maiores altas, seguidos pelo crescimento da indústria de transformação (1,8%) e da construção (0,1%).

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Para 2026, as projeções da entidade para a indústria mineira são maiores para a indústria extrativa (2,2%) e para energia e saneamento (1,8%). Já para a indústria da construção (1,4%) e para a indústria de transformação (1,1%), as projeções são menores.

Juros altos e desaceleração da demanda impactam o setor

O economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio, explica que a desaceleração econômica será afetada, principalmente, pela elevação da taxa de juros (Selic) pelo Banco Central (BC). “Depois de quatro anos de economia crescendo por volta de 3% ou mais, a gente deverá ter um ano com um crescimento menor. Isso é um consenso do mercado. A economia desacelerou, refletindo os juros elevados e o menor dinamismo da demanda”, diz.

Com uma taxa nominal de 15% e uma real girando em torno de 10%, o economista da Fiemg ressaltou que o Brasil possui a taxa de juros mais alta do mundo. “Isso explica a redução da capacidade produtiva. Não há setor produtivo que consiga avançar com uma taxa de juros real nesse patamar.”

A desaceleração do consumo das famílias também contribuiu para a desaceleração da economia. “Esse é um movimento interessante porque, nos últimos anos, o crescimento econômico tem sido pautado pelo consumo das famílias, e o principal motor da economia tem perdido força”, ressalta Pio.

Com exceção do agronegócio, o Brasil tem perdido a capacidade de produzir riquezas. Conforme o economista, apesar do enfraquecimento da capacidade produtiva, a economia tem crescido à base da transferência de renda feita pelo governo federal.

“Para se ter uma ideia, de 2021 a setembro de 2025, o governo transferiu cerca de R$ 6,7 trilhões. Dessa forma, a economia do Brasil tem crescido à base de anabolizante, e não do crescimento da produtividade”, afirma.

A expectativa da Fiemg é que as taxas de juros continuem se mantendo altas, em função dos elevados gastos do governo. “É por isso que, mesmo diante da desaceleração da economia, a expectativa do mercado ainda é de juros altos”, finaliza.

Perspectiva para os próximos anos

Para 2026, as projeções da Fiemg indicam crescimento moderado da atividade econômica, limitado pela manutenção de juros elevados e pelo ambiente de maior risco fiscal.

A expectativa é de recuperação gradual da indústria ao longo de 2026, condicionada à eventual redução da taxa de juros e à retomada dos investimentos produtivos.

Segundo João Pio, a economia mineira deve crescer menos do que a média nacional, cerca de 2%, em função do agronegócio, que deve ter uma performance melhor. “O único destaque é o setor de serviços, muito em função do ano eleitoral, que acaba puxando esse segmento”, explica.

As expectativas do mercado, segundo a Fiemg, são de uma taxa de juros de 12,5% para 2026 e de 10,5% para 2027. “A redução da taxa de juros será lenta e pequena, mas suficiente para retomar a atividade industrial e a economia como um todo”, alega.

O mercado de trabalho também deve passar por uma desaceleração, na perspectiva da Fiemg, acompanhando o menor ritmo de crescimento econômico.

No cenário internacional, a desaceleração da economia chinesa e a persistência das tensões comerciais globais seguem como riscos relevantes para o crescimento brasileiro.

A Fiemg acredita ainda que a taxa básica americana deve registrar queda adicional no ano que vem, o que tende a favorecer os fluxos de investimentos em países emergentes.

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