Indústria mineira se mantém confiante, mas com cautela

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) caiu 0,3 ponto de julho para agosto e chegou aos 53,1 pontos. Apesar do recuo, o resultado mostra que a indústria mineira se manteve confiante pelo sétimo mês seguido, visto que o indicador superou os 50 pontos – limite entre falta de confiança e confiança. Também ficou acima de sua média histórica, de 52,8 pontos.
Calculado mensalmente pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o Icei é constituído por dois componentes. Ambos apresentaram retração entre os meses, o que ajuda a explicar a pequena queda na confiança do industrial mineiro. O índice de condições atuais retraiu 0,7 ponto, enquanto o índice de expectativas registrou uma redução de 0,2 ponto.
Esse foi o nono mês seguido em que a pesquisa aponta uma percepção negativa dos empresários com relação à situação atual dos negócios e das economias mineira e brasileira, já que o índice que mede tal compreensão caiu para 46,6 pontos. Por outro lado, apesar da baixa, pelo 38º mês sucessivo, o levantamento indicou que os industriais do Estado tem perspectivas positivas para os próximos seis meses, uma vez que o componente medidor marcou 56,3 pontos.
A economista da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg, Daniela Muniz, destaca o fato de os industriais estarem demonstrando confiança ao longo de todo o ano. Em sua avaliação, esse otimismo tem a ver com a melhora dos indicadores econômicos. Segundo ela, a desaceleração inflacionária e a normalização das cadeias globais de valor – que tiveram fluxos comprometidos desde a pandemia, com, por exemplo, alta de insumos – foram motivadores.
Conforme Daniela Muniz, houve também uma sinalização positiva para o mercado, com a tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso Nacional, que reduz a percepção de risco. O texto que substituirá o atual teto de gastos, inclusive, voltou a ser tema de discussões na Câmara dos Deputados nesta semana. A expectativa é que a proposta seja votada ainda em agosto.
De acordo com a economista, os incentivos do governo federal à cadeia produtiva, principalmente a automotiva, com grande relevância para Minas Gerais e para o Brasil, é outro fator contribuidor para a manutenção da confiança da indústria. Somado a isso, ela salienta os bons resultados do mercado de trabalho, que vem se mantendo resiliente, e impulsiona as expectativas positivas.
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Demanda enfraquecida não deixa confiança da indústria decolar
Apesar do Icei estar apurando confiança dos empresários mineiros no decorrer dos últimos meses, o indicador não consegue decolar para patamares significativamente superiores, o que denota uma cautela dos industriais. A última vez que o índice ultrapassou a casa dos 60 pontos, por exemplo, foi em outubro de 2022 (61,5 pontos). Neste ano, o máximo alcançado foi em julho (53,4 pontos).
“O principal motivo para isso é a demanda enfraquecida, especialmente naqueles setores dependentes de crédito. Sabemos que o crédito está em terreno restritivo, devido à taxa de juros que permanece elevada. Tivemos em agosto o início do ciclo de corte, então a dúvida agora passa a ser com relação ao ritmo de redução. Tudo isso contribui para uma cautela na tomada de decisão dos empresários, em termos de contratações, aumento da produção e investimentos”, ressaltou Daniela Muniz.
“E a fatores que sugerem que a cautela é recomendável. Ainda que os setores econômicos mais sensíveis à política monetária estejam esfriando, a atividade está se mostrando resistente. Então não sabemos realmente por quanto tempo o Banco Central vai manter a taxa de juros em um nível mais elevado, contribuindo para essa desaceleração da economia”, completou.
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