Indústria da mineração avalia ir até os EUA para discutir ‘tarifaço’

Empresários da indústria da mineração cogitam ir aos Estados Unidos para tratar com empresas locais sobre o “tarifaço” imposto pelo governo norte-americano a produtos brasileiros. O setor demonstra forte preocupação com os efeitos da tarifa de 50%, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, e com uma possível reciprocidade tarifária do Brasil.
O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, levantou a hipótese nesta segunda-feira (21), em uma reunião on-line com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB). Executivos de mineradoras associadas à entidade participaram do encontro.
Na ocasião, Jungmann perguntou a Alckmin como ele avalia a disposição dos empresários de mineração do Brasil organizarem uma missão aos EUA para discutir a questão tarifária com representantes de empresas norte-americanas. O vice-presidente acenou positivamente para a sugestão, afirmando, inclusive, que é algo que ele “recomenda”.
Alckmin disse que a medida seria um apoio importante aos negociadores do governo brasileiro. Uma vez que o País importa minérios e equipamentos pesados dos Estados Unidos, trata-se de um assunto que interessa às empresas norte-americanas. Então, de acordo com o ministro, elas precisam ser mobilizadas pelas empresas brasileiras para que influenciem a Casa Branca a abrir espaço para negociações com o Palácio do Planalto.
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De acordo com o diretor-presidente do Ibram, mais detalhes sobre a missão empresarial serão discutidos internamente. A ideia é agendar encontros não apenas com a iniciativa privada, mas também com representantes do governo e do parlamento dos EUA e definir, ainda, se a viagem contará somente com participantes da indústria da mineração ou se reunirá outros setores econômicos do Brasil.
Brasil dá preferência ao diálogo com os Estados Unidos, afirma Alckmin
Esse foi o segundo encontro entre o setor mineral e o vice-presidente da República desde que os Estados Unidos anunciaram a tarifa sobre as exportações brasileiras. Na última sexta-feira (18), a diretoria do Ibram participou de uma audiência em Brasília com Alckmin.
Na oportunidade anterior, a entidade expôs ao ministro a aflição da indústria da mineração com o “tarifaço” norte-americano e, principalmente, com a possibilidade de uma retaliação do Brasil. Uma possível sobretaxação na importação de máquinas, por exemplo, prejudicaria a competitividade das mineradoras que atuam no País.
Na reunião que deu sequência ao assunto, Alckmin afirmou que o Planalto dá preferência ao diálogo com a Casa Branca para, pelo menos, conseguir mais prazo para a vigência da tarifa, “entre 60 e 90 dias”, para haver tempo hábil para a negociação das várias questões envolvidas. O ministro disse que há produtos embarcados e contratos sendo firmados com compradores norte-americanos, e o prazo maior pode ser importante para evitar transtornos.
Vale lembrar que, no último dia 11, o Ibram emitiu comunicado apontando que a indústria da mineração será significativamente afetada se a taxação, de fato, entrar em vigor. Segundo a entidade, a medida torna “passível de reavaliação para baixo” os investimentos anunciados pelo setor para o Brasil, de US$ 68,4 bilhões até 2029 (US$ 16,5 bilhões em Minas Gerais) e “obriga o País a buscar novos parceiros comerciais”.
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