Economia

Indústria moveleira teve retração de negócios em 2022

O presidente do Sindimov-MG diz que a queda de investimentos, devido ao período eleitoral e a incerteza política-econômica, afetou o mercado
Indústria moveleira teve retração de negócios em 2022
Para Sindimov-MG, tradicionalmente o setor só deslancha após Semana Santa no País | Crédito: Alisson J. Silva

Apesar de ainda não contar com os dados de fechamento do ano passado, o setor mineiro de móveis concluiu 2022 com retração nos negócios. A informação é do presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), Mauricio de Souza Lima. Segundo ele, a queda de investimentos em função do período eleitoral e o cenário de incerteza política e econômica afetaram o mercado moveleiro. 

“O ano de 2022 foi um ano que começou muito bem para a indústria de móveis e terminou com uma pequena queda. Isso porque quando chegou no segundo semestre – setembro e outubro em diante –, com a proximidade das eleições e um clima de muita incerteza – que ainda estávamos vivendo –, os investimentos foram um pouco retraídos, e a indústria de móveis sentiu essa queda”, explica. 

De acordo com ele, a expectativa para 2023, por enquanto, é uma “incógnita”. Já considerando apenas o primeiro semestre do ano, Lima afirma não acreditar em crescimento imediato e salienta que se a indústria de móveis conseguir estabilidade no período, “já será um grande lucro”. Tradicionalmente, o início de cada exercício não costuma ser positivo para o setor. 

“A indústria de móveis começa a deslanchar um pouco mais quando passa a Semana Santa. No início do ano, normalmente tem as férias e as pessoas não estão muito preocupadas com as casas e com a compra de um móvel novo. Elas querem curtir e descansar. Depois, há o Carnaval e, logo após, vem a Semana Santa. Aí que o ano se inicia e as coisas na área do mobiliário começam a acontecer”, afirma. 

“Já nos dois anos de pandemia não tivemos esse problema. Foram dois anos que ‘bombaram’ para a gente. O pessoal em casa sentiu falta e precisou de um móvel, precisou trocar a cama e o colchão e uma mesa para trabalhar.’ Ainda mais com o home office, isso cresceu demais. Mas agora como acabou a pandemia, o pessoal está viajando e não está muito preocupado (em comprar móveis) neste momento não”, complementa.

Um dos estímulos para o setor moveleiro pode ser a retomada do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). O programa de habitação popular transformou-se em Casa Verde e Amarela no governo anterior. Nesta semana, o novo ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que as obras paralisadas serão retomadas imediatamente. 

O presidente do Sindimov-MG destaca que se tiver a volta de um projeto feito anteriormente, que facilitava aos beneficiários do Programa de mobiliar o novo imóvel com melhores condições de financiamento, poderá “impulsionar e muito os negócios”. 

Desafios e planos

Também proprietário da Madriart Móveis, Lima afirma que, inicialmente, o principal desafio do setor de móveis neste ano é driblar a desconfiança do mercado e superar o desânimo dos empresários. “Quem tem dinheiro para investir até então está segurando e não vai investir. No meu caso, por exemplo, a minha empresa trabalha diretamente com serviços sob medida – móvel planejado –, e o meu cliente literalmente bloqueou os investimentos nisso, pois são coisas que podem esperar”, diz. 

Segundo ele, o Sindimov-MG – que conta atualmente com cerca de 140 CNPJs associados – vem trabalhando para criar novas perspectivas para as indústrias e auxiliar em toda a demanda que surgir para o crescimento do setor. Uma das iniciativas foi a reabertura de uma unidade de atendimento presencial em Carmo do Cajuru. O espaço servirá para atender os empresários do polo moveleiro da região, que há alguns anos contavam somente com atendimento virtual. 

“Temos diversas ações que queremos implementar neste ano no Sindimov para fazer o setor crescer. Queremos trabalhar bastante esse associativismo. Então temos muitos planos, mas nada concreto ainda que podemos falar. Estamos passando por essa mudança de governo e também pelo início do ano e está tudo muito incerto ainda”, afirma. 

E continua: “Estamos trabalhando com a conclusão de alguns convênios com empresas para apresentar para os nossos associados e tentar fazer com que tenham ânimo para seguir este ano. Realmente temos visto que entre nossos associados há alguns que estão muito desanimados”.

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