‘Vale das terras-raras’: investimentos em Poços de Caldas devem somar R$ 8 bilhões até 2030

Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, atravessa um dos melhores períodos econômicos da história. Com alto potencial na extração de terras-raras, aliado à atração de empresas e fomento à tecnologia, a cidade estima alcançar R$ 8 bilhões em investimentos entre o período de retomada pós-pandemia e o ano de 2030.
A partir da chegada das empresas australianas Viridis e Meteoric, o município segue desenvolvendo a cadeia de minerais estratégicos, considerada hoje uma das maiores apostas para o desenvolvimento local. Até o momento, a administração municipal estima que o setor deve investir R$ 1 bilhão no município até 2028, fomentando emprego e renda local.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Poços de Caldas, Franco Martins, a expectativa é que os dois atuais projetos minerais avancem e prospectem a cadeia produtiva para o local, agregando valor ao município. Dentre as primeiras iniciativas citadas, está a implantação de uma empresa de reciclagem em terras-raras pela Viridis, um projeto pioneiro no Estado.
Com a crescente demanda global e a alta disponibilidade de metais críticos na região, a expectativa, segundo o secretário, passa pelo desenvolvimento de negócios, desde que estejam alinhados aos critérios de responsabilidade social e ambiental. Até o momento, o impacto é considerado positivo, especialmente pela qualidade dos minerais e de extração, únicos no mundo.
“Acreditamos que Poços de Caldas possa se tornar uma potência mundial, conhecida como o ‘vale das terras raras’, fornecendo esse material estratégico para o mundo”, destaca.
Além das terras-raras, o município atravessa uma importante ascensão na indústria, com o distrito industrial completamente ocupado. O espaço, com área de 2,2 milhões de metros quadros (m²) conta com 72 projetos em operação e a se instalar, compostos por empresas de diferentes segmentos, fomentando 16 mil empregos diretos.
Marcas como Myrales e Authaia, do setor farmacêutico, Danone e Ferrero, do setor de alimentos, possuem plantas no local e reforçam o ambiente favorável aos negócios em Poços de Caldas. Para o secretário, a presença dessas empresas consolida a cidade como um polo industrial estratégico, que agora se expande, com foco na economia do futuro, partindo pelo fomento à tecnologia.
Centro tecnológico e ampla disponibilidade energética projetam Poços de Caldas ao futuro
Em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Poços de Caldas se articula para construir um centro tecnológico, que deve compor uma área de 56 mil metros quadrados na região. O objetivo, segundo Martins, mira unir a educação com os potenciais locais para a atração de startups e demais empresas de tecnologia, como data centers.
Dentre os diferenciais citados, a ampla disponibilidade de energia é um dos fortes atrativos. “Diferente de outros municípios, possuímos uma companhia energética municipal, com departamento próprio, o que garante uma entrega rápida de energia e qualidade para esses setores”, reforça o secretário.
Apesar do bom momento econômico e da geração consistente de empregos, o cenário nacional impõe desafios importantes para Poços de Caldas. A complexidade do sistema tributário brasileiro, e a incerteza em torno da implementação da reforma prevista para 2031, pode levar empresas a adiarem investimentos estratégicos.
Somado a isso, a cidade enfrenta turbulências com relação a capacitação de mão de obra qualificada para absorver vagas geradas. Com a chegada de novas empresas e a expansão das atividades em mineração, tecnologia e indústria, a oferta tem aumentado, mas nem sempre há profissionais preparados para determinadas funções.
“Estamos atentos a esse movimento e temos conseguido atender à demanda, mas é preciso pensar no médio e longo prazo, para não perdermos o ritmo de crescimento. Poços de Caldas é uma cidade única, com disponibilidade energética e qualidade de vida para atender às exigências do presente e do futuro”, conclui.
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