Economia

Indústria de fundição surpreende e cresce em junho

Setor espera fechar o ano com 10% de alta no faturamento
Indústria de fundição surpreende e cresce em junho
No 1 º semestre. atividade cresceu 7,4%, produzindo 384 mil toneladas, 30% do total nacional | Crédito: Adobe Stock

A produção da indústria de fundição mineira cresceu 7,4% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. As indústrias situadas no Estado estão trabalhando com praticamente 100% da capacidade instalada.

Para o restante do exercício, a expectativa do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg) é que o crescimento do setor se mantenha em 10%, apesar das incertezas que pairam sobre o setor.

As informações são do presidente do Sifumg, Afonso Gonzaga. Segundo ele, apenas no primeiro semestre, as 317 plantas mineiras produziram 384 mil toneladas, valor que representa 30% da produção total brasileira nos primeiros seis meses de 2023. Em todo o País, as empresas produziram 1,265 milhão de toneladas, conforme o boletim semestral da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), registrando queda de 8,7% sobre o mesmo período de 2022. Naquela época, a produção brasileira havia somado 1,385 milhão de toneladas.

Gonzaga atribui essa diferença à queda da produção do mercado automobilístico. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que a produção de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) reduziu 17% em junho, em comparação a maio deste ano, quando a produção passou de 227,9 mil unidades no quinto mês para 189,2 mil unidades no mês passado.

Neste sentido, em março, o DIÁRIO DO COMÉRCIO publicou reportagem sobre a preocupação do setor da fundição com a paralisação das montadoras, quando registraram diminuição da demanda e, em alguns casos, cancelamentos de encomendas.

“O volume de produção fora de Minas para o setor automobilístico é muito maior. Consequentemente, puxa o resultado nacional para baixo”, avalia o presidente do Sifumg. Em contrapartida, ele ressalta o acréscimo que a agroindústria, a mineração e as empresas de utensílios domésticos trouxeram para o mercado mineiro.

“Nós temos hoje, em Minas Gerais, 43 empresas produzindo utensílios domésticos em ferro e alumínio. É um volume considerável no ranking anual”, diz.

Neste contexto, o setor gerou 19 mil postos de trabalho diretos na primeira metade de 2023. O dirigente diz que ainda há vagas disponíveis, mas que as empresas estão com dificuldade em encontrar profissionais interessados.

Segundo semestre é uma “incógnita”

Apesar de manter a expectativa de crescimento anual em 10%, Gonzaga avalia que o segundo semestre ainda representa uma “incógnita”. Ele explica que a matéria-prima principal da indústria da fundição é o ferro-gusa, que hoje está no valor de US$ 400 a tonelada, mas que já alcançou a casa dos US$ 1 mil em função dos impactos da guerra entre Ucrânia e Rússia, que também são grandes produtores. “O minério está para o ferro-gusa assim como o petróleo está para a gasolina. É uma commodity controlada pelo mercado internacional”, explica.

Entretanto, ele pondera que o mesmo não acontece no mercado interno. “Quando o preço é reduzido no mercado internacional, ele não cai na mesma proporção no mercado interno e a gente não consegue baixar o volume que o mercado internacional trouxe”, afirma. As empresas locais, inclusive, já estudam abafar fornos, de acordo com o presidente.

Além da queda do preço que não é repassada, o dirigente ressalta que em novembro, na época das chuvas, o carvão, outro insumo importante para a indústria da fundição, registra alta. “E o mesmo acontece com o carvão. Ano passado teve seca e os produtores não baixaram os preços para nós”, lembra. Para se ter uma ideia, segundo ele, para se fazer uma tonelada de ferro-gusa são necessários três metros cúbicos desse insumo.

Apesar das instabilidades e inconstâncias, Gonzaga acredita que o Marco do Saneamento Básico pode ser um momento importante para a indústria da fundição. “Trabalhamos sob demanda e temos uma demanda reprimida enorme. O marco regulatório do saneamento é um exemplo. Pode faltar material fundido para atender a demanda. Não temos capacidade de produzir a quantidade que pode ser demandada”, revela. Ele cita que o setor de saneamento consome tampões, grelhas, conexões e tubulações da indústria da fundição para as obras.

Como forma de sanar este tipo de problema, o setor também tem apostado na evolução tecnológica como solução. O presidente do Sifumg explica que nunca as empresas investiram tanto em tecnologia quanto nos últimos anos.

“Há dez anos, entregávamos um tampão com 55 quilos. Hoje, com o avanço tecnológico, conseguimos entregar a mesma peça com 30 quilos e bem mais resistente”, exemplifica. Essa é uma forma de aumentar a competitividade, já que possibilita produzir produtos mais resistentes com mais qualidade e com menos matéria-prima.

As ferrovias também estão na mira do setor. “Há muitos projetos em andamento e nossa indústria pode se beneficiar também”, revela.

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