Indústria têxtil de Minas prevê alta de 5% neste ano

Após enfrentar perdas em 2020, a expectativa do setor têxtil de Minas Gerais é superar os desafios e retomar o crescimento em 2021. A projeção é ampliar em 5% os resultados obtidos em 2020. No ano passado, a crise provocada pela pandemia de Covid-19 impactou de forma negativa na demanda pelos produtos do setor, que ainda enfrenta aumento dos custos e falta de matérias-primas.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (Sift-MG), Rogério Mascarenhas Cezarini, 2020 foi um ano muito complexo em função da pandemia.
“A partir de março, quando ocorreu o fechamento das atividades econômicas, para conter a pandemia, houve uma grande redução de pedidos e de suspensão da atividade em muitas plantas industriais. As medidas anunciadas pelos governos, como o pagamento do auxílio emergencial e a complementação dos salários, fez com que o mercado reagisse e ficasse mais forte no segundo semestre, quando trabalhamos em plena carga. Porém, a retomada não foi suficiente para permitir o crescimento da indústria têxtil em Minas e no Brasil”.
Ainda segundo Cezarini, mesmo encerrando 2020 com queda, o resultado ainda foi melhor que o projetado logo no início da pandemia. No Brasil, o setor têxtil encerrou 2020 com queda de 6,6% na produção. A maior queda, 23,7%, foi registrada na produção de vestuário.
O setor registrou um saldo negativo de 36.731 empregos perdidos e a inflação na indústria de tecido chegou a 20,21%, resultado da elevação do custo da matéria-prima e dos produtos para embalagens.
Apesar dos dados de Minas Gerais ainda não terem sido fechados, a estimativa é que o desempenho da indústria têxtil tenha ficado ligeiramente inferior ao registrado no País.
“O resultado mesmo que negativo ficou melhor do que o projetado logo após os primeiros impactos da pandemia, quando prevíamos uma queda de 15% na produção do setor. A pandemia e as medidas de isolamento desorganizaram todas as cadeias de produção e, isso, também elevou os preços dos principais insumos”.
Dentre os insumos que apresentaram alta, o algodão, que é o principal, ficou 70% mais caro. Além da produção interna não ser suficiente para atender a demanda do setor, houve aumento da exportação. Também houve escassez de matérias para embalagens.
Para 2021, a expectativa é positiva. Com o início da vacinação contra a Covid-19 é esperada a retomada da economia e recuperação do mercado. A estimativa é que a indústria têxtil de Minas e do Brasil cresça cerca de 5%.
Insumos – Mesmo com a estimativa positiva, alguns gargalos precisam ser superados, como a falta de algodão no mercado e os preços elevados.
“O setor está muito animado porque estamos com uma demanda forte, mas existe insegurança em relação aos preços da matéria-prima, que é o algodão. Mas, vamos negociar com o setor produtivo do algodão e tentar viabilizar um aumento da oferta no mercado”.
Demanda – Ainda segundo Cezarini, a estimativa positiva para 2021 também tem como base a demanda pelos produtos, que está maior.
“Em dezembro de 2020, a produção da indústria têxtil teve forte alta de 8,3% se compararmos com o mesmo mês de 2019. Isso é muito importante. No País, a geração de empregos nos últimos três meses de 2020 foi de quatro mil vagas no setor têxtil. A indústria e a agricultura são os grandes geradores de empregos do País. Essas atividades precisam ser prestigiadas. Nos últimos 20 anos, o setor sofreu muito. A indústria respondia por 25% do PIB e hoje é responsável por 10%”.
Cezarini explica ainda que o grande problema da indústria é o custo Brasil, que possui uma tributação muito elevada. “A indústria hoje é o setor que tem a maior tributação sobre preço de venda, cerca de 70%. É injusto porque somos mais tributados que os produtos importados, que não geram empregos. A reforma tributária é muito necessária, mas precisa ser justa com o setor produtivo”.
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