Indústria têxtil ganha fôlego no inverno e deve avançar 10% no último trimestre

O inverno mais rigoroso nos últimos meses beneficiou a indústria têxtil em Minas Gerais. Para o último trimestre, o setor mantém o otimismo e deve avançar 10% em vendas na comparação com o mesmo período do ano anterior, além de manter as vendas em alta pelo menos até o próximo verão.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas no Estado de Minas Gerais (Sindimalhas-MG), Gilberto Mairinques, a estação mais fria dos últimos anos no Estado oxigenou o capital de giro das empresas, reduzindo o estoque que estava ocioso há algum tempo. O setor, no momento, já comercializou grande parte do previsto até o fim do ano e já planeja negociar a coleção de inverno de 2026.
Com estações indefinidas e influências do mercado, o dirigente pontua que o momento exige maior flexibilidade de prazos para cumprimento da produção. “O volume de negociações já aumentou e o mercado está confiante para as vendas de final de ano, além do desempenho para o verão”, destaca.
Apesar da performance positiva, a indústria têxtil não precisou realizar contratações adicionais de temporários. Além da demanda dentro do patamar esperado, a ausência de mão de obra qualificada inviabiliza quaisquer intenções de novas oportunidades.
“Estamos sofrendo com operacional e mão de obra qualificada. Esse ano, que não tivemos expansão significativa de produção, mas em um ano agressivo, certamente teremos dificuldade para contratar”, avalia Mairinques.
Mercado têxtil reinvindica políticas antidumping para produtos asiáticos
Além da mão de obra, o avanço de produtos asiáticos em solo brasileiro preocupa. Embora a “taxa das blusinhas” tenha ajudado parte do mercado, projetos antidumping, que estavam caminhando para homologação, foram arquivados.
Segundo o dirigente, em um momento delicado de tensões comerciais com os Estados Unidos, o País optou por amenizar a pressão sob outras nações, como a China e a Índia. “O Brasil não vai querer atrito em um momento complicado e o ‘tarifaço’ abriu oportunidades não tão boas, para uma abertura do mercado com o leste asiático”, pondera.
Com uma maior troca de negociações com outros países, a indústria têxtil teme recuar novamente em algumas frentes, especialmente em produtos sintéticos nacionais. Hoje, a importação de itens, como fibra sintética, possui menor custo para a cadeia produtiva de tecidos, inviabilizando, e até mesmo ameaçando produtores locais do segmento, em polos como Americana (SP), Divinópolis e Nova Serrana, no Centro-Oeste mineiro.
“Os polos sofreram muito com produtos sintéticos. Hoje, o que sobrou é um mercado segmentado, com matéria-prima de fibras naturais, onde tem um peso que inviabiliza importação da Ásia”, ressalta Mairinques.
Além do otimismo em relação ao próximo trimestre e ao início do verão, a indústria têxtil tenta argumentar com o governo para criar barreiras comerciais para determinados produtos, a fim de garantir a sobrevivência da indústria nacional. Entre as solicitações está a implementação da política antidumping sobre o fio de poliéster, que ainda estava em processo de homologação, com o objetivo de proteger a produção de malhas, que enfrenta dificuldades para competir com a importação.
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