Economia

Indústria do trigo diz que aumento do preço da farinha ‘será inevitável’

O dólar havia subido quase 28% frente ao real no acumulado do ano até esta segunda-feira
Atualizado em 26 de dezembro de 2024 • 11:04
Indústria do trigo diz que aumento do preço da farinha ‘será inevitável’
Colheita de trigo em Marquion, França | Crédito: REUTERS/Pascal Rossignol

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) afirmou, nessa segunda-feira (23), que a alta do dólar eleva custos nas importações do setor, indicando que o aumento do preço da farinha “será inevitável”, em um momento de compras externas mais elevadas da matéria-prima pelo Brasil.

“O significativo aumento da cotação do dólar segue impactando diretamente a indústria moageira nacional”, afirmou a Abitrigo em nota.

O dólar havia subido quase 28% frente ao real no acumulado do ano até esta segunda-feira. A moeda norte-americana valia cerca de R$ 6,19 reais por volta das 15h50, um pouco abaixo das máximas históricas da semana passada, acima de R$ 6,26 reais.

Além do fortalecimento mais acentuado do dólar frente ao real recentemente, o que amplia custos para um setor que importa parte de suas necessidades, a indústria de trigo do Brasil lida com uma safra de qualidade inferior em algumas áreas do país, após problemas com chuvas excessivas no Rio Grande do Sul.

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Uma colheita reduzida no Paraná por outras intempéries também favorece o crescimento nas importações de trigo pelo Brasil em 2024, indicou a Abitrigo.

De janeiro a novembro, o Brasil importou 6,1 milhões de toneladas de trigo, alta de 62% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do governo.

Já no ano-safra 2024/25 (agosto/julho), a importação do cereal pelo país deverá crescer quase 9% na comparação com o período anterior, para mais de 6 milhões de toneladas, o maior volume em cinco anos, em meio a problemas climáticos nos dois principais Estados produtores de trigo do Brasil, estimou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no início do mês.

Segundo o presidente-executivo da Abitrigo, embaixador Rubens Barbosa, esse movimento de alta no câmbio “teve e continuará tendo impacto no preço do trigo e da farinha”.

A associação não indicou qualquer percentual de aumento do preço.

No mercado interno, base Paraná, o preço do trigo está em torno de R$ 1.400 reais a tonelada desde setembro, quando a cotação passou a cair do nível de mais de R$ 1.500 reais a tonelada, após a entrada da colheita no Estado, segundo o indicador do Cepea/Esalq.

O Brasil, que ainda depende da importação de trigo para complementar sua produção interna, enfrentou um “cenário desafiador em 2024, marcado por volatilidade nas cotações internacionais, adversidades climáticas e uma expressiva redução na produção nacional”, segundo a associação.

“Esses fatores, combinados com a valorização do dólar, já estão sendo refletidos nos custos dos moinhos, aumentando a pressão sobre toda a cadeia produtiva e indicando que o aumento da farinha de trigo será inevitável”, de acordo com o comunicado.

Embora o Brasil seja um grande importador de trigo, também exporta alguns volumes, o que reduz os suprimentos internos.

“Mesmo com uma possível redução na cotação do dólar, as exportações do Rio Grande do Sul (cerca de 1,5 milhão de toneladas) já foram realizadas, e haverá a necessidade de importação de trigo pelo Paraná”, disse a Abitrigo.

Reportagem distribuída pela Reuters

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