Brasileiros pagam R$ 100 bilhões por ano na conta de luz por ineficiências e subsídios

São Paulo – Os consumidores brasileiros de energia pagam na conta de luz R$ 100 bilhões por ano em ineficiências e subsídios, mais de um quarto de todos os custos circulantes no setor elétrico nacional, aponta um estudo divulgado nesta quinta-feira (5) pela Abrace, associação que representa mais de 40% do consumo industrial de energia e gás do País.
Os cálculos da entidade consideram subsídios classificados como explícitos, como os pagos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – encargo embutido na conta de luz que custeia uma série de políticas públicas, da Tarifa Social até subsídio ao carvão -, e também ineficiências “ocultas”.
Com relação à CDE, cujo orçamento anual já ultrapassa R$ 30 bilhões, a defesa da entidade é de que ela passe a ser paga pelo Orçamento da União, em vez de recair sobre os consumidores de energia.
Mas a Abrace calcula que há um ônus não explícito aos consumidores ainda maior do que a CDE e que chega a R$ 63 bilhões por ano, entre aspectos que vão desde a energia mais cara contratada no mercado regulado, das distribuidoras, até valoração ineficiente de perdas não técnicas e taxas cobradas pela iluminação pública.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Como exemplo, a analista de energia da associação, Natália Moura, cita a tarifa da energia de Itaipu, que cobre uma série de custos não relacionados ao setor elétrico. Somente as ineficiências na contratação e energia para o mercado cativo somam R$ 21 bilhões.
“Estamos mostrando que existem encargos que não são visíveis. O consumidor brasileiro paga um ‘encargo do equilíbrio fiscal’, R$ 900 milhões por ano, um dinheiro para manter a Aneel, mas que não vai para manutenção da Aneel”, disse o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa.
Pedrosa ressaltou ainda que esse custo a mais chega também ao preço de tudo que é produzido internamente no País. “A indústria brasileira está parada há uma década e o consumo dobrou, nós estamos importando produtos que poderiam ser feitos aqui se tivéssemos, entre outras coisas, energia competitiva”, destacou, lembrando que o Brasil consegue gerar energia a custos baixos pela ampla participação de fontes renováveis na matriz.
Segundo a entidade, o Brasil tem hoje uma das contas de luz mais caras do mundo em relação à renda per capita, perdendo apenas para países de baixa renda, como Senegal, Chad, Cabo Verde, Quênia, Filipinas, Gana, Nicarágua e Nepal.
Reportagem distribuída pela Reuters
Ouça a rádio de Minas