Inflação avança 0,25% em janeiro

Rio e São Paulo – Os preços da energia elétrica iniciaram o ano em queda e ajudaram a aliviar a inflação oficial brasileira em janeiro para o menor patamar em cinco meses, embora ela permaneça acima do centro da meta em 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve em janeiro alta de 0,25%, depois de ter subido 1,35% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem.
Esse resultado é o mais fraco desde agosto de 2020 (0,24%) e ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,31%.
Entretanto, a inflação em 12 meses passou a 4,56%, após ter encerrado 2020 com alta acumulada de 4,52%, acima do centro da meta do governo, mas dentro do intervalo de tolerância. Para 2021, a meta do governo é de uma inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Essa leitura é a mais alta desde maio de 2019 (+4,66%), mas ainda ficou abaixo da expectativa de elevação de 4,61% do IPCA no acumulado em 12 meses até janeiro.
“O índice de janeiro tem influência grande da energia elétrica e tivemos uma alta menor de alimentos, mas ainda é cedo para dizer que temos uma desaceleração contínua da inflação”, afirmou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
O ano começou com queda de 5,60% no preço da energia elétrica, que exerceu o maior impacto negativo individual sobre o índice do mês com a entrada em janeiro da bandeira amarela. Isso levou a uma deflação de 1,07% do grupo Habitação.
“Em fevereiro a bandeira vai ser novamente amarela e aí esse efeito (negativo) não existirá mais. O comportamento do
IPCA vai depender dos demais itens e subitens”, completou Kislanov.
“Fevereiro vai incorporar altas de combustíveis e educação. Vem com reajuste e, com a retomada de aulas presenciais, algumas escolas voltaram a cobrar mensalidade cheia após descontos”, disse ele.
O outro grupo a registrou queda de preços em janeiro foi Vestuário, de 0,07%, após alta de 0,59% em dezembro, quando as vendas do setor se aquecem para as festas de final de ano.
Carnes – Os outros sete grupos tiveram alta dos preços, em um ano que começa com cautela em relação aos preços devido principalmente à desvalorização do real.
O destaque foi a alta de 1,02% de Alimentação e bebidas, maior variação e o maior impacto positivo no IPCA do mês, embora tenha enfraquecido ante o avanço de 1,74% de dezembro.
Os alimentos para consumo no domicílio passaram de uma alta de 2,12% em dezembro para 1,06% em janeiro, influenciado especialmente pela alta menos intensa das frutas (2,67%) e pela queda no preço das carnes (-0,08%).
“O auxílio (emergencial) ajudou a sustentar a alta dos alimentos no ano passado. Pessoas de menor renda fizeram compras de alimentos e inclusive de carnes. A queda de carnes pode ter a ver sim com o fim do auxílio, mas pode ser questão de mercado. Temos que aguardar pra ver se há continuidade”, completou Kislanov.
A inflação de serviços, setor mais afetado pelas medidas de isolamento contra o coronavírus, enfraqueceu com força para 0,07% em janeiro, de 0,83% no mês anterior, no resultado mais fraco desde agosto.
As preocupações com o cenário inflacionário levaram o Banco Central a retirar do seu comunicado o forward guidance, com o qual mantinha o compromisso de não elevar os juros desde que algumas condições estivessem satisfeitas.
O BC entende que, diante das incertezas, seria preferível aguardar a divulgação de mais informações sobre o cenário econômico e a pandemia do coronavírus. Segundo o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, o risco de crescimento não tão robusto no curto prazo com inflação em alta é o maior desafio.
A mediana das projeções de economistas consultados na pesquisa Focus do BC aponta alta de 3,6% para o IPCA em 2021. (Reuters)
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